Localizado na Marechal Floriano, empreendimento chamava atenção pelas escadarias e peculiaridade internas
Quatro anos pode até ser um período curto, mas já é o suficiente para marcar uma geração e colecionar história. Um exemplo disso é a Van Gogh, casa de festas que foi sucesso nos anos 90 em Santa Cruz do Sul. No início, o ambiente – localizado na Rua Marechal Floriano e caracterizado por suas escadarias -, era um barzinho que funcionava aos dias de semana, mas acabou se transformando em um ponto que recebia grandes shows e agitava toda a região.
E os idealizadores desse empreendimento são os amigos Guinther Bender e Marcos Rocha. Na época, Guinther cursava o primeiro semestre de Comunicação na Unisc, enquanto Marcos voltava para a cidade após concluir a estadia no Exército Brasileiro, em Uruguaiana. Ambos tocavam juntos na Banda Viúva Negra desde 1984 e, após alguns anos, decidiram estender a parceria na música para uma sociedade. “Abrimos o Van Gogh em 1995, inspirados nos bares da cidade baixa e com decoração do artista que dava o nome ao local, para funcionar durante a semana, o que ainda não tinha por aqui. A ideia inicial era essa, um barzinho com música ao vivo, petiscos e bebidas”, conta Guinther que, além de Marcos, tinha como sócia Adriana Regina Bender, que cuidava da parte administrativa. Outra figura conhecida que fez parte da ativação e contribuiu para o sucesso da Van Gogh, foi Floripio de Oliveira, que trabalhava como barman.
O ambiente – com capacidade máxima para 220 pessoas – possuía um charme próprio. Toda de madeira e com escadas no meio, na casa de festas ainda havia um espaço nos fundos com uma TV que rodava videoclips, além dos itens personalizados, como por exemplo, um cinzeiro que reproduzia a orelha de Van Gogh. Para Guinther, o sucesso do empreendimento se deve ao fato de que a casa passou a ser uma opção de festa no meio da semana. “A grande jogada da Van Gogh é que ela se transformou em uma casa de festa. Abríamos na quinta às 21h e era um público até à meia-noite. Quando essas pessoas íam embora, subia um outro público que aguardava na fila. A partir disso, foi no automático. O CDJ tocava músicas mais dançantes, as pessoas começavam a colocar as mesas para os cantos e virava pista de dança", considera.
Com o rock nacional em evidência na época e sucessos como "Mexe a Cadeira" e "Carnavalito" que agitavam a galera, a Van Gogh trouxe, além dos djs e bandas locais, grandes artistas para se apresentar em Santa Cruz. Entre os shows, estão da Comunidade Nin Jitsu, Acústicos & Valvulados, Black Master, Lucile e Maria do Relento, banda que, inclusive, coleciona uma das histórias marcantes da casa. "O vocalista da banda Maria do Relento, o Pepe, conheceu a esposa durante um show e hoje eles já completam 26 anos juntos. Foi um dos tantos casais que se formaram nas festas", destaca Guinther.
Após um incêndio atingir a estrutura no final de 1998, a Van Gogh teve que reconstruir todo o espaço e, com isso, algumas das características principais se perderam. "Mudou todo o cenário. A casa tinha todo um charme, divisórias e, com as reformas, ficou como um salão de baile comum, de concreto. Por isso, ficamos operando até o final de 1999 e em 2000, encerramos as atividades", relembra Guinther, com grande satisfação pelo legado deixado. "Conseguimos trazer um público de toda a região, os viajantes se sentiam em casa. Era uma interação de diversas classes sociais que curtiam a mesma coisa. Todo o período foi muito marcante", finaliza.