Figuras conhecidas na áreas dos eventos, Neco e Dru relembram como tudo começou
Para alguns, o Carnaval é apenas uma data comemorativa, que reúne milhares de foliões espalhando alegria nas ruas e salões de festas por onde passam. Já para outros, o significado é muito maior. Envolve paixão, tempo e muita dedicação. Deixa marcas e muitas histórias, além de criar laços, como é o caso dos amigos Leandro Baumgarten e Evandro Maciel, mais conhecidos como Neco e Dru. Apesar de divergirem quando o assunto é a Dupla Grenal, os santa-cruzenses compartilham o amor pela festividade e são os responsáveis por idealizar um dos blocos mais emblemáticos da cidade: o Tôa-Tôa.
E a história do bloco se confunde com a do Bar do Neco, pois foi lá – em meio a uma roda de amigos – que ele se originou e, desde então, construiu uma trajetória de sucesso e muitas alegrias para quem teve a oportunidade de vestir uma das camisetas dessa turma. Na ativa desde 1991, o empreendimento – na época, localizado na Rua Galvão Costa, em frente à Escola Ernesto Alves – já era bastante movimentado e, por dois anos consecutivos, se tornou um ponto de concentração do bloco Tietrago.
No entanto, o destino reservava uma outra história para o local. Com a decisão de um dos integrantes do Tietrago de não colocar o bloco na rua no carnaval de 2001, os amigos Neco e Dru – que já trabalhavam com a área de eventos – decidiram puxar a frente para não deixar morrer a tradição. “Quando o Fernando – do Tietrago – me propôs fazer o bloco naquele ano, eu logo neguei, porque não tinha como, fazia muito eventos na época. Mas dai em uma dessas, o Dru propôs que nós dois fizéssemos. Tentei argumentar mais de uma vez que não daria, mas o Dru dizia: vai dar sim, vai ser legal. E então decidimos que faríamos, mas que seria outro nome e, entre tantas sugestões, chegamos no Tôa-Tôa”, conta Neco.
No início, a ideia da dupla – bastante conhecida no meio dos jovens – era reunir aproximadamente cem pessoas. Contudo, a repercussão foi maior do que era esperada e já haviam muitas pessoas querendo ser parte do Tôa-Tôa. “Nossa primeira camiseta foi um tom verde pijama. Fizemos 230 unidades e vendemos todas. Já no primeiro ano e, assim como em todos os outros, faltaram camisetas. Aí no ano seguinte, as pessoas que ficaram de fora eram as primeiras a comprar e, com isso, vimos o bloco crescendo gradativamente”, relembra Dru.
Com esse sucesso e a expansão, o Tôa-Tôa teve que deixar a sede oficial. A estrutura do Bar do Neco já não comportava mais as concentrações e, por isso, o bloco foi mudando de casa, passando para a Bier Haus, Sociedade Ginástica, Avenida, Pavilhão Central, Pavilhão 3 do Parque da Oktoberfest e Complexo Inside. Por volta do quarto ano de atividades, o sucesso do Tôa-Tôa já era perceptível, quando alcançou cerca de 1,5 integrantes. “O princípio da nossa conversa, lá no bar, era fazer um bloco para reunir os amigos e, a partir disso, ter uma diversão, uma alegria e também proporcionar reencontros. Tinham pessoas que moravam fora da cidade, estado e até do país, que só víamos no carnaval, então fizemos parcerias, através do bloco, que vamos levar para vida”, afirma Neco.
Tôa Tôa: o bloco além do carnaval
Além de todas as “concentras”, Neco e Dru relembram dos momentos de integração do bloco, nos carnavais dos clubes, de rua e dos bailes nos salões do interior, como o Ulrich e Ruppenthal. A dupla também recorda os sucessos musicais da época. Dentre os hits de Ivete Sangalo e do Babado Novo, estava a música Tôa-Tôa da Banda Asa de Águia, considerada como hino do bloco. Há também quem nutriu um amor tão grande pelo grupo, que decidiu eternizá-lo na pele. “Ao menos 20 pessoas têm o nome do bloco tatuado no corpo”, salienta Neco.
Fora do carnaval, o bloco Tôa-Tôa foi destaque também na comunidade santa-cruzense ao realizar ações sociais e, no ano de 2008, eleger a representante Janine Alves de Paiva como rainha da 24ª Oktoberfest, a Festa da “Alegria” – sentimento que o grupo proporcionou a tantas pessoas e pretende voltar a oferecer, assim que for possível. “Acreditamos que a galera sente saudade do bloco. Quem sabe, pós-pandemia, poderemos juntar os mais próximos e fazer um ao menos um remember. Até porque éramos um dos melhores carnavais da região e é uma pena não termos mais essa festa aqui em Santa Cruz”, comentam os amigos.
Bar do Neco: um local de muitas histórias
Localizado desde 2015 até hoje na esquina das Ruas Ernesto Alves e Tiradentes, o Bar do Neco – além de ser o responsável por uma amizade verdadeira entre Neco e Dru, idealizadores do bloco Tôa-Tôa que fez história em Santa Cruz – continua sendo um ambiente alegre, ponto de encontro de muitos amigos para conversar e, principalmente, assistir os jogos do Grêmio e do Inter.
Aliás, foi através das equipes, que se originou um espaço decorativo e que guarda memórias nas paredes do bar. “Cada uma dessas 335 placas que temos aqui, ganhamos dos nossos amigos que viajam e trazem essas lembranças para nós. Começou em 2017, quando a Geral do Grêmio de Porto Alegre mandou uma placa dos Emirados Árabes – fazendo referência ao Mundial de Clubes – para a Geral daqui e eles pediram para eu pendurar aqui. Depois, um amigo colorado do Dru mandou uma para ele e assim fomos construindo”, explica Neco.
Amigos, colegas de trabalho, parceiros de carnaval e de vida, Neco e Dru são hoje gratos e felizes por terem construído uma trajetória histórica e de sucesso na cidade. “Agradecemos a todos que estiveram com nós, aos que trabalharam como voluntários e pelo bloco. E sobre nós, somos irmãos e estamos juntos na boa e na ruim, sempre”, destacam