Colunista

Moacir Leopoldo Haeser

Saber ler e escrever

Publicado em: 15 de janeiro de 2025 às 18:46
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Apenas os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro tiveram mais de uma redação nota mil. O Rio Grande do Sul não teve nenhum

O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 foi divulgado nesta segunda-feira, 13 de janeiro. O exame é a porta de entrada para alunos do ensino médio em universidades públicas no Brasil. A prova é composta por 180 questões e uma redação.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), teve o menor número de alunos com nota máxima na redação dos últimos dez anos. Apenas 12 alunos dos quase 3,2 milhões de participantes chegaram à nota máxima.

Cada uma das cinco áreas vale 1000 pontos. A nota final da prova é determinada pela soma do resultado de cada área, dividido pelo número de disciplinas.

Segundo anunciado, a redação é avaliada conforme as seguintes competências: compreensão da proposta de redação, demonstração de conhecimento da língua necessária para argumentação do texto, domínio da norma padrão da língua portuguesa, elaboração de proposta de solução para o problema abordado, respeitando valores e considerando as diversidades socioculturais e seleção e organização das informações.

Cada um dos critérios concede um máximo de 200 pontos. Somando todos, chega-se ao total da nota da redação

Apenas os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro tiveram mais de uma redação nota mil. Os demais tiveram apenas um aluno com a pontuação máxima. O Rio Grande do Sul não teve nenhum.

O MEC ainda informou que, na rede pública, apenas uma redação teve nota máxima. Os demais são da rede particular.

O estrangeiro que vem para o Brasil sabe que não são apenas os sistemas legal, tributário e político que são complicados. Aprender a língua portuguesa, com todas suas regras e exceções, também é difícil.

Tive bons professores de português no grupo escolar, no ginasial e no ensino médio. No entanto, foi com a leitura que adquiri maior vocabulário e o gosto de escrever. Numa época de poucos livros, comecei com histórias em quadrinhos, depois lia Seleções de Reader’s Digest de meus tios e acabei lendo toda a biblioteca da Prefeitura de Candelária, que ficava emoldurando a sala do gabinete do prefeito.

Duas regras que me permitiram superar outros candidatos em alguns concursos: 1) regra de três, que me permitiu solucionar problemas matemáticos de que não sabia a fórmula; 2) análise sintática, para a formulação correta e completa da oração.

Como o hábito da leitura está meio em baixa com as mídias eletrônicas, encontram-se na imprensa frases como:

  1. Os moradores estão reclamando da prefeitura, que não toma nenhuma providência (coitado do prédio; ele próprio está precisando de atenção);
  2. O uso de “mim” como sujeito da frase, esquecidos da regra ensinada pela professora de português: “mim não dá, só recebe”.
  3. As cidades de Candelária, Vera Cruz e Sinimbu vão ser contempladas com verbas federais para recuperar os prejuízos da enchente (a pessoa jurídica de direito público interno é o município. Cidade é um aglomerado urbano).

O tema escolhido para o Enem do último ano – Desafios para a valorização da herança africana no Brasil – não é muito fácil e até pode ter sofrido alguma influência ideológica na correção. No entanto, não se pode ignorar que a geração do celular, do WhatsApp, e do Facebook está com dificuldades de fazer simples contas de adição e subtração, sem uma calculadora, bem como a escrever, de próprio punho, com uma caneta.

Que nunca falte luz, nem se esqueça o carregador…