Superlotação alerta para a conscientização quanto à prioridade
O Pronto Atendimento 24 horas do Hospital Vera Cruz para acolher pacientes em caso de urgência ou emergência está no limite da capacidade técnica e operacional. De 1º de março até este dia 11, foram 1.133 atendimentos, uma média de 103 por dia. Mas o que mais chama a atenção neste número é o quanto foi para a finalidade do PA: casos de emergência – em que o paciente necessita de atendimento imediato por estar em risco de morte – e urgência – quando o atendimento deve ser rápido, mas não há o risco de morte eminente. Foram 364, o equivalente a 32,12%. Os demais 769 foram eletivos, que poderiam ser absorvidos nas unidades básicas de saúde e nos consultórios particulares.
Nos últimos três meses, o volume tem sido alto, especialmente nos finais de semana e feriados. Em dezembro último foram 2.677 atendimentos no PA, em janeiro 2.235 e em fevereiro 2.405. A maior parte, novamente, para casos eletivos. A direção do HVC explica que o hospital é contratado pelo Município para prestar o serviço do Pronto Atendimento de Urgência e Emergência, e conta para isso com dois médicos e equipe de enfermeiros, apoio e estrutura necessária para tal. Mesmo assim, os demais casos têm sido recebidos para primeiro atendimento, só que a prioridade seguirá sendo as situações críticas, conforme triagem de classificação de risco.
O que é caso de urgência e emergência?
O reforço é pela compreensão de que o PA faz o primeiro atendimento, não é o local que vai fazer o tratamento de alguma doença ou dores leves, síndrome gripal, entre outros casos. São exemplos de urgência e emergência acidentes graves, picadas de animal peçonhento, traumatismo craniano encefálico e traumas de modo geral, infarto, AVC, queimadura severa, dor aguda que pode resultar em cálculo renal, apendicite, colecistite, oclusão intestinal, entre outros.
Questão cultural
O diretor técnico do Hospital Vera Cruz, médico Tiago Fortuna, aponta que existe enraizada esta questão cultural em Vera Cruz, que é a busca pelo serviço de urgência e emergência para tratar eventualmente alguns problemas que não são de tamanha gravidade. Porque para acessar a saúde pública na Estratégia da Saúde da Família, diz Fortuna, a pessoa precisa ter uma agenda, marcar consulta. “E a gente vive uma sociedade muito mais imediatista, então, normalmente as pessoas que estão sentindo alguma coisa, elas não querem esperar o tempo necessário de uma agenda eletiva e também não se encaixam em casos de urgência. A maioria dos casos que a gente atende no plantão são de baixa complexidade, que poderiam perfeitamente ser resolvidos na ESF, mas as pessoas acabam procurando o hospital e, de certa forma, também acabam não resolvendo totalmente o problema, porque a saúde prestada no pronto atendimento é muito mais direcionada para estancar o problema agudo, e não para fazer uma estratégia, um acompanhamento”, exemplifica. “Hoje a gente tem um hospital muito mais estruturado, com uma triagem de início exatamente para conseguir tratar primeiro quem primeiro precisa ser tratado, que são os mais graves, e também faz com que a gente consiga tratar de forma diferente os que mais graves precisam ser tratados”, frisou.
Todos apelam para a conscientização
Apesar de estruturado o hospital, na visão do diretor técnico Tiago Fortuna, é fundamental conscientizar a população a procurar o atendimento médico quando ele de fato é necessário, e quando não tenha urgência, que se procure a unidade básica de saúde, “até para que a gente consiga manter o tratamento que a gente está fazendo no hospital, porque de fato teve alguns dias que a gente quase entrou em colapso por falta de estrutura de pessoal para atender tamanha demanda”.
Para melhorar no atendimento, o HVC analisa aumentar o espaço físico da observação, separando crianças, adultos e idosos; adquirir poltronas para estruturar uma sala de soroterapia e camas para melhor acomodar os pacientes; além de discutir com a Secretaria Municipal da Saúde possibilidades da Prefeitura ampliar o horário de atendimento nos postos, inclusive nos sábados, para absorver pacientes eletivos e desafogar o hospital. E reitera, tudo ainda passa pela conscientização da população. “Os atendimentos prioritários são os de gravidade. Entendemos que aguardar por um atendimento quando se tem dor é algo desesperador. Estamos fazendo o possível para atender a todos”, comunicou o HVC pelas redes sociais.
O prefeito Gilson Becker destacou a ampliação dos serviços contratados pelo Município, alocando um segundo médico diariamente na casa de saúde, para o PA. “No ano passado nós instauramos dois médicos nos finais de semana e depois ampliamos para dois médicos todos os dias”, reforça sobre o acréscimo nos últimos meses. E acredita que seja importante frisar para a população o entendimento do que são casos graves e que exigem a prioridade. “Temos que continuar trabalhando para melhorar sempre”, disse, destacando também outros investimentos nas unidades de saúde, como o novo ESF do Rincão da Serra.
A secretária municipal de Saúde, Clair Tornquist, acredita que o crescimento dos quadros de síndromes respiratórias e os casos de dengue caracterizam o cenário do momento, levando ao aumento da demanda. “É necessário ressaltar que a população conheça os principais sintomas destes quadros e procure o atendimento junto ao Hospital em situações de agravamento”, orienta, e os demais, que procure as unidades básicas de saúde. Clair percebe a utilização inadequada do sistema de Saúde em relação a seguir o tratamento indicado no tempo correto, buscando um novo atendimento, uma segunda opinião. “Isso é recorrente e sobrecarrega o sistema. Exemplo típico é o uso de antibiótico, que necessita pelo menos 72 horas para resposta e pode levar até sete dias para resolver de fato, mas já no segundo dia do tratamento estão buscando novo atendimento, isso tanto no HVC como nas unidades”, reflete, demonstrando a corresponsabilização do usuário. Para ter uma ideia, desde o início de março as unidades básicas de Saúde do Município registraram 4.970 atendimentos, fora os do hospital.
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