Entrevistada da semana é a psicóloga Marliza Schwingel, que atua no Caps em Santa Cruz
No Setembro Amarelo, mês de combate ao suicídio, o Arauto Saúde fala do assunto e tira algumas dúvidas com a psicóloga Marliza Schwingel, que atua no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em Santa Cruz do Sul, e é coordenadora do Comitê Municipal de Prevenção ao Suicídio. Segundo ela, o período do ano foi escolhido para lembrar o suicídio, pois, conforme a história, em 10 de setembro, uma pessoa se suicidou em uma ponte famosa dos Estados Unidos, deixando seus amigos chocados e inquietos. A partir disso, eles marcaram a data para fazer um movimento naquele local para evitar outros casos de suicídios. A campanha tomou proporção mundial, por ser um dos fatores que mais gera morte no mundo.
No trabalho de prevenção ao suicídio, a profissional explica que o Comitê realiza o estudo e o acompanhamento das tentativas de suicídio que acontecem em Santa Cruz, monitorando os casos que são atentidos no plantão de urgência e emergência do Hospital Santa Cruz, da UPA, do Hospital Ana Nery e do Hospitalzinho. De acordo com esses dados levantados, em 2017, foram 22 suicídios e mais de 150 tentativas no Município.
Como principais sintomas que uma pessoa que pensa em tirar a própria vida pode apresentar, Marliza cita o sofrimento extremo e o fato de ela não suportar mais a dor. Dessa forma, esse indivíduo pensa que se morrer, o sofrimento vai acabar. A psicóloga afirma que os membros da família e os profissionais precisam fazer a leitura do tipo de sofrimento que a pessoa está apresentando. Não falar sobre o assunto é um mito, segundo ela. É através da fala que vai se produzir uma atitude diferente, pois se o marido ou a esposa, por exemplo, percebem os sinais, pode haver uma mudança de comportamento. Para Marliza, o indivíduo que não está se sentindo bem precisa falar, mas a pessoa que está ao seu lado e percebe que ele não está conseguindo se abrir ou que está agindo de forma diferente da habitual, precisa falar por ele. É a partir disso que se constrói a rede de cuidado, pois segundo a psicóloga, o suicídio não é só um problema da saúde, mas da sociedade também. Ele interfere em tudo na vida: no trabalho, na profissão, na escola – com jovens e crianças – e na relação de família. Assim, para ela é primordial que a sociedade atente para o suicídio de uma forma humana.