Economia

Indústria segue como base da economia de Santa Cruz

Publicado em: 13 de abril de 2025 às 08:51
  • Por
    Emily Lara
  • Banco de Imagens SindiTabaco
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    Consultor empresarial Cesar Cechinato fez um balanço e destacou que 88% do retorno de ICMS para o município vem do setor

    Em meio a um cenário nacional de desindustrialização acelerada, Santa Cruz do Sul segue no sentido oposto. Em entrevista à Arauto News 89,9 FM, o consultor empresarial e ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Cesar Cechinato, fez um balanço da indústria brasileira em 2024 e destacou que o município mantém sua base econômica fortemente apoiada na indústria, especialmente a de transformação.

    Segundo ele, embora o Brasil tenha perdido participação da indústria de transformação no PIB — caindo de quase 30% em 1985 para menos de 11% atualmente —, Santa Cruz do Sul apresenta o contrário. Prova disso é que 88% do retorno de ICMS para o município vem da indústria, principalmente dos setores do tabaco, metalurgia, confecções, borracha, brinquedos e alimentos.

    Ainda conforme Cechinato, apenas 50 empresas sediadas na cidade são responsáveis por 99% do retorno total de ICMS. Além disso, a indústria segue sendo o setor que paga os melhores salários e emprega 34% dos trabalhadores com carteira assinada em Santa Cruz, número expressivo para um município que também é polo regional de serviços e comércio. “Se olharmos os municípios que têm melhor qualidade de vida no nosso estado e também no Brasil, são aqueles municípios que têm a indústria como seu carro-chefe“, afirmou.

    O especialista explicou que o sistema tributário brasileiro impõe o chamado “efeito cascata”, em que muitos impostos incidem sobre outros já pagos, especialmente sobre insumos e matérias-primas, afetando a competitividade do setor em todo o país. A expectativa, segundo Cechinato, é de que a reforma tributária traga ganhos significativos. Estimativas apontam que alguns segmentos da indústria nacional poderão aumentar sua competitividade em até 15%, apenas com a retirada desse efeito tributário. Na prática, um produto que hoje é exportado por US$ 100 poderia ser vendido por US$ 88, sem perda de margem, tornando o setor mais competitivo internacionalmente. No entanto, outros fatores também pesam, como a precariedade da infraestrutura, a ineficiência nos portos e a insegurança jurídica, que encarecem a produção e dificultam a expansão do setor.

    Cechinato também destacou que, nos últimos anos, alguns setores da economia gaúcha perderam competitividade, enquanto outros conseguiram resistir. Em Santa Cruz, o tabaco é um exemplo positivo. O fumo cultivado e processado na região, assim como o cigarro produzido localmente, manteve alto padrão de qualidade e segue competitivo no mercado internacional. Por outro lado, setores tradicionais como o de calçados, com forte presença no Vale do Sinos e Vale do Taquari, enfrentaram grandes dificuldades. A concorrência internacional, especialmente da China e de outros países asiáticos, provocou retrações severas e levou muitos produtores a perderem espaço no mercado externo.