Superintendente de Obras e Serviços de Meio Ambiente detalha concepção de parques criados para absorver volume de água
O ano de 2024 ainda não virou a página no calendário, mas para os gaúchos, em qualquer retrospectiva será o fato do ano e seus impactos ainda repercutirão por muito tempo. Assim como as reflexões sobre o futuro, considerando as perspectivas de que as intempéries climáticas se tornem menos raras. A Arauto News entrevistou Jean Brasil, superintendente de Obras e Serviços de Meio Ambiente de Curitiba, que descreveu como as ações executadas toraram a cidade-esponja para evitar que as enchentes invadissem espaços residenciais.
Brasil explica que a capital do Paraná possui cinco bacias: são cinco rios principais que banham Curitiba. O que tem notado, como aconteceu agora no início de dezembro, que num intervalo de 72 horas, choveu 220 milímetros em algumas regiões, “é pouco tempo e muita chuva”, resume. E considerando esses episódios cada vez mais comuns, o Superintendente frisa que o sistema da cidade foi projetado para fazer com que essa absorção não impacte tanto a vida das pessoas e o dia a dia da cidade.
Como Curitiba tem se preparado? O município, destacou ele, tem tradição de planejamento, tem várias etapas de um plano diretor de desenvolvimento, com planejamento por bacias, “você está reservando áreas alagáveis e não deixa que as pessoas construam nessas faixas do rio para serem alagadas. Ao longo dessas bacias a prefeitura tem um planejamento de execução de parques, onde há dispositivos, lagoas ou locais de acúmulo para amortecimento de cheias. Imagine um degrau de escada e cada área dessas retenha uma quantidade de água e faz com que não ganhe grandes volumes, faz um amortecimento. Nos parques se mantém áreas alagadas longe das casas”, explica.
Com as mudanças climáticas, novas ondas de calor, muita chuva em pouco tempo, essa situação tende a se repetir com recorrência, considera Brasil. Se não forem adotadas medidas de planejamento para cidades menores ou médias, o risco é de acontecer o alagamento. Em Curitiba esse processo de organização dos parques foi iniciado na década de 60 e 70. “É importante que as cidades reservem as áreas alagáveis e a partir de estudo, vão atrás do recurso para o parque”, destaca.
Hoje, ratificou o Superintendente de Obras e Serviços de Meio Ambiente, “vemos que os municípios precisam ter planos de drenagem, entendimento ambiental, de recuperação de áreas, de plantios em locais próprios, tudo faz parte de um conjunto. A gente sempre vê o resultado, quando alaga, quando dá o problema, mas tudo faz parte de uma equação”, arremata.