Antes de se dedicar exclusivamente à música, Beto foi vereador, proprietário de posto de gasolina e ainda dono de restaurante
São cerca de 50 anos dedicados à música, especialmente à música gaúcha, além de um amor pelo ramo carregado no lado esquerdo peito. João Alberto Figueiró Sampaio, mais conhecido como Beto, foi o criador do Grupo Fandangaço e começou cedo a história no mundo da música, aos 13 anos. O baterista, apaixonado por tocar, não esconde o entusiasmo pelo que faz.
Muito antes de ser o Beto do Fandangaço, Beto foi o primeiro vereador de Pantano Grande, entre 1989 e 1992. Concorreu a vice-prefeito, foi durante 21 anos proprietário de um restaurante e seis anos dono de posto de combustível.
A bateria, a sua grande paixão, ele aprendeu a tocar sozinho: "Em Pantano Grande surgiu um grupo, de Butiá, e vi eles tocando Tim Maia e Beatles. Aí eu fiquei louco e tive a ideia de fazer um grupo. Comecei a Banda Os Imparciais, aos 15 anos, onde permaneci por cerca de cinco anos até migrar para a Banda Integração em que toquei até 1988. Então conheci o Airton dos "Garotos de Ouro" que me incentivou a passar para a música gaúcha. Em 1989 eu realmente passei para a música gaúcha e coloquei o nome de Fandangaço. Toquei o primeiro show como Fandangaço no dia 12 de outubro, na Oktoberfest".
Desde a primeira apresentação, Beto sabia que a música fazia o seu coração bater mais forte. Desde aquele dia 12 de outubro, o grupo passou a tocar todos os anos na Oktoberfest. Em meio ao trabalho como músico, também conciliava os outros serviços externos: "Eu chegava com o ônibus em casa e em vez de dormir eu ia trabalhar, porque era muita coisa pra cuidar".
Quando escolheu Santa Cruz para ser seu lar, em 2011, Beto abriu mão do excesso de trabalho e passou a se dedicar apenas à música. Relembrando com carinho a trajetória até aqui, destaca que foram vários os momentos que marcaram o trabalho no Fandangaço. Nos 10 dias em esteve em Manaus a convite da Ulbra foram feitos muitos shows para cerca de 50 mil pessoas,tornando-se uma grande experiência profissional: "Tocamos músicas gaúchas e isso me fez ver que existe uma galera em Manaus de todos os rincões". O grupo também já realizou apresentações para um público ainda maior, de 150 mil pessoas.
Com foco sempre na música gaúcha, Beto tem oito álbuns lançados e entre os sucessos que marcaram está a música em que fez em homenagem ao Ayrton Senna denominada "Tributo a um campeão", além da música "O ouro dos arrozais". Foram muitos os profissionais e técnicos que puderam trabalhar ao lado de Beto e ele garante que todos são considerados seus amigos até hoje.
Sobre a pandemia, ressalta que trouxe muitos prejuízos para pessoas do segmento da música, mas também serviu de ensinamento. Após refletir muito, decidiu que quer vender o ônibus do grupo em que atualmente ele estava desempenhando a função de motorista. Agora a ideia é apostar apenas no trabalho dos músicos: "Quero trabalhar menos e com mais qualidade. A gente trabalhava muito antes. Tinha muito perigo na estrada".
Grato por tantas coisas que aconteceram na vida, Beto conta que carrega consigo um sentimento profundo de gratidão ao falecido proprietário da Aviação União Santa Cruz, Lauro Schuh, que conheceu em 1988. Foi ele quem cedeu o espaço para que o ônibus da banda não ficasse na rua. A parceria virou amizade que Beto cultiva com muito carinho na memória.