Psicóloga alerta para necessidade de falar do assunto e dá dicas de como identificar que uma pessoa deseja tirar a própria vida
Todos os anos, o setembro amarelo marca os trabalhos de prevenção ao suicídio. Durante o mês costuma-se iluminar locais públicos com a cor para chamar atenção da população da importância da temática. A campanha é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria. Por ser considerado um problema de saúde pública no Brasil, o suicídio é constantemente lembrado pelos órgãos e profissionais que prestam apoio e assistência às pessoas que pensam em tirar a própria vida – que em grande parte são jovens. Dessa forma, no Arauto Saúde desta semana, a psicóloga Marliza Schwingel fala sobre o assunto e alerta as famílias para os principais sinais de que um indivíduo pensa em cometer suicídio.
Para a profissional, o setembro amarelo traz a público a discussão sobre o tema, que hoje é preocupante, não só em Santa Cruz do Sul, mas no mundo todo. “Trabalhar a fala, conversar, alertar e trazer para a comunidade essa reflexão permite que os serviços de saúde possam auxiliar mais facilmente as pessoas que estão passando por momentos difíceis e que acham que o suicídio é a única saída”, explica ela, ao reforçar que assim o trabalho de prevenção também se torna bem mais efetivo.
A psicóloga lembra que o significado do Setembro Amarelo é trabalhado em Santa Cruz do Sul desde o início da campanha nacional e que a cada ano são realizadas atividades para refletir sobre as questões que possam levar uma pessoa a cometer suicídio, com o objetivo de evitar que isso aconteça. “A gente tenta alertar a comunidade para que escute e observe. E que em caso de perceber que alguém da família, seja jovem, idoso, esposa ou marido, está mudando o comportamento radicalmente, apresentando tristeza, isolamento, falas de despedidas, ou até mesmo dizendo coisas do tipo ‘não aguento mais isso’, ‘não aguento mais essa violência, essa pobreza’, peça ajuda para essa pessoa, pois ela pode ter tomado a decisão de tirar a própria vida”, alerta. Ela explica, ainda, que ao pensar em cometer o suicídio, esse indivíduo acredita que está dando fim ao sofrimento vivido.
Mudança nos relatos
Com a pandemia do novo coronavírus, os depoimentos ao Centro de Valorização da Vida (CVV) também passaram por modificações. Conforme a porta-voz do CVV Santa Cruz do Sul, Naira Lisane Zanette, as ligações recebidas através do número 188 não aumentaram na pandemia, mas os relatos mudaram. "O foco foi mais relacionado ao que o mundo está passando e as pessoas se sentem inseguras, ansiosas, com medo e solitárias. Muitas vivem sozinhas e então dificulta a situação. Por isso, é necessário observar quando alguém está desconfortável. Quando alguém reclamar que está se sentindo sozinho, que está cansado de viver. São sinais que precisamos estar atentos para procurar auxiliar de alguma forma", diz.
De acordo com Naira, o CVV no Brasil recebe em torno de 300 mil ligações por mês. Quem quiser ser voluntário pode entrar em contato pelo Facebook, pelo site ou deixar o nome e contato junto ao Corpo de Bombeiros de Santa Cruz do Sul, que abriga a sala do CVV. Atualmente, o município conta com 10 voluntários que fazem parte da equipe de 4 mil ouvintes espalhados pelo Brasil. Os requisitos para se tornar voluntário são ter 18 anos e disponibilidade de quatro horas semanais e outras duas horas mensais para reunião do grupo. "Estamos sempre em busca de novos colaboradores para auxiliar neste trabalho. Os treinamentos estão sendo feitos pela internet", ressalta.