É incomum na história de 65 anos da Capital das Gincanas, mas em outras duas oportunidades, apenas uma chapa disputou o voto
Pode chamar atenção, no cenário eleitoral do Vale do Rio Pardo deste ano, Vera Cruz apresentar uma única chapa para concorrer à Prefeitura, numa união envolvendo sete partidos em busca da reeleição de Gilson Becker, tendo ao seu lado o estreante Angelo Hoff. Incomum, mas já aconteceu outras duas vezes ao longo dos 65 anos de Vera Cruz. A primeira foi logo na criação do município, em 1959. E a segunda vez, em 1972.
Segundo o livro Vera Cruz: tempo, terra e gente, de Celeste Dummer, Marina Barth, Marli Silveira e Mateus Skolaude, a primeira eleição vera-cruzense ocorreu em 24 de maio de 1959, ocasião em que Nestor Frederico Henn e Adolfo Werner foram candidatos únicos para a majoritária. O processo eleitoral reuniu 1.786 eleitores e o primeiro prefeito, filiado ao PTB, recebeu 1.439 votos. Seu diploma foi expedido em junho de 1959 e o mandato durou quatro anos e sete meses.
Pois na eleição municipal realizada em 15 de novembro de 1972, o fato se repetiu. Fora a primeira candidatura de Guido Hoff a Prefeito e, de oposição na época, foi a única. O então representante da Arena contou ao Portal Arauto que a vaga de vice era cobiçada por muitos, mas ele fez questão de escolher um nome muito respeitado na comunidade e que era novato na política: Ivênio Roque Mueller, o advogado que trabalhava na Exatoria e que nem filiado a partido político era. Passados quase 52 anos daquela eleição, os dois receberam a equipe do Arauto para compartilhar as memórias.
Dos 4.289 votos, Guido e Ivênio receberam 3.330. Dos demais, 913 foram em branco e 46 nulos. Diferente da multiplicidade de partidos que existe nos dias de hoje, naquele tempo eram duas frentes: Arena e MDB. A campanha, longe do imediatismo das redes sociais de hoje, era cara a cara. O que foi feito na época já lhes foge um pouco da memória, mas ambos acreditam que alguns comícios em regiões centrais e nas localidades foram realizados, até para valorizar a candidatura dos vereadores que os apoiavam.
Os desafios da época
“Eu andava a 120 e o Ivênio a 80. Então nos 100 nós se acertávamos. Foi o melhor vice que eu tive, não tivemos um dia de encrenca”, disse Guido, dizendo que incumbiu Ivênio de concluir o prédio da Prefeitura iniciado por Nestor. Assim como coube ao vice tocar o projeto da Banda Municipal. Mas os desafios num município que estava crescendo giravam em torno da infraestrutura básica, aponta Guido. Não é à toa que a eletrificação de todo município era o sonho… e a concretização. “E a cada inauguração, era chope e carne. Era coisa mais linda ver lá no Alto Ferraz, pessoal ligando e desligando a luz (no interruptor), todos maravilhados”, relembra.
Era uma campanha alegre, resume Guido. Os tempos eram diferentes, tudo era tratado com mais leveza. “Não havia tanta falsidade na política”, resume Guido, dizendo que o segredo é nunca entrar em negociata. “Votava em mim quem confiava”, resume ele, e assim foi construindo a trajetória política ao longo de décadas.
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