Com um ônibus próprio e de forma totalmente gratuita, Drurys Pedroso se desloca às escolas para arrumar instrumentos musicais
Unindo o amor pela música e a vontade de ajudar o próximo que o morador de Santa Cruz do Sul, Drurys Pedroso, de 49 anos, baixista e integrante da Banda Viúva Negra, apostou em um trabalho voluntário em escolas da região, principalmente do interior, além de outras ações em prol do próximo.
É com um ônibus reformado por ele mesmo, do antigo Expresso Gaúcho, que se desloca até as escolas e de forma totalmente gratuita realiza o conserto de instrumentos e cordas de violões para pessoas apaixonadas pela música, mas que enfrentam alguma dificuldade financeira para realizar os reparos. Feliz em poder fazer a diferença, ele é um misto de talento e amor ao próximo. No entanto, agora devido à pandemia, o trabalho nas escolas não vem acontecendo e o foco está sendo ajudar os artistas da região.
De músico a "médico de instrumentos". Pedroso, natural de Alegrete, também é um luthier, ou seja, um profissional especializado na construção e no reparo de instrumentos de cordas. Além de doar cordas, aposta em ações que ganharam ainda mais destaque agora no período de pandemia. A ideia é ajudar músicos e pessoas que amam o meio, mas que têm instrumentos que apresentam problemas. "Tem gente que quer fazer live, mas não tem corda para colocar no instrumento. E eu sei que pra quem vive só da música, em um tempo de crise como esse a pessoa se aperta", conta.
A vontade de ajudar pessoas ligadas à música já é antiga e inspirada no pai, Seu José. "Em 1975, eu na época com 5 anos, vi meu pai passando com um butijão de gás nas costas e ele falou que iria dar uma mão para um amigo músico. Começou por aí. Naquela época ele já ajudava e isso ficou dentro de mim", comenta com orgulho.
Antes da Pandemia
O trabalho de conserto nas escolas e na própria casa já é realizado por ele muito antes da pandemia. Com brilho no olhar e muito amor pelo que faz, Pedroso conta que já consertou 549 instrumentos em escolas, desenvolvendo inclusive oficinas onde cada um pôde colaborar de alguma forma para o conserto. "Pra consertar tu é um psicólogo, um engenheiro e de tudo um pouco. A música representa tudo na minha vida, até porque o meu pai é músico. Só tenho gratidão por poder ajudar as pessoas nesse momento de pandemia e estou só devolvendo o que Deus me deu", observa.
A profissão de Pedroso já fez com que ele recebesse diferentes artistas conhecidos na própria casa, o que o enche de felicidade. Sobre o trabalho de saber consertar instrumentos, ele define como um dom dado por Deus: "Porque é um trabalho muito minucioso e não é simples". Apesar do momento ser delicado e a pandemia ter deixado tantos músicos desanimados por não poderem tocar em eventos e garantir o dinheiro para o próprio sustento, Pedroso deixa uma mensagem: "Não dá pra desistir. Se alguém desistir, o elo se rompe".