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Levantamento investiga culturas mais atingidas pelas enchentes em Vera Cruz

Publicado em: 10 de maio de 2024 às 08:47
  • Por
    Guilherme Bender
  • Animais mortos se acumulam nas localidades interioranas e no Bom Jesus | Foto: Grupo Arauto
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    Novamente as enchentes causaram prejuízo na agricultura. Desta vez, de uma forma antes inimaginável. Se no ano anterior as enxurradas no Rio Grande do Sul concentravam-se, principalmente, em danos diretos à agricultura devido ao excesso de chuva ao longo de determinado período, o que caiu dos céus durante a última semana trouxe um cenário jamais visto, não somente na lavoura, mas também na pecuária. Plantações inteiras foram perdidas em poucas horas e centenas de animais morreram afogados.

    Agricultura

    De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Emater de Vera Cruz, Alberto Evangelho Pinheiro, a entidade realizou um cruzamento de dados para estimar os danos, ainda difíceis de declarar com precisão em questão de números. Com informações coletadas previamente quinzenalmente para informe ao Estado, junto a dados adquiridos para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível saber a área, qual é a expectativa que havia de plantio, quanto de fato foi plantado e quais os percentuais dessas áreas estão em germinação, em crescimento vegetativo, infloração, enchimento de grãos, maturação ou colhido nas regiões atingidas pela chuva. “Os prejuízos potenciais se consolidam no arroz, nas áreas que ainda não tinham sido colhidas. Não era a maioria, mas há um percentual de perda na soja. Ela é mais sensível do que o arroz, quando está no ponto de colheita não tem muita resistência, o grão começa a mofar. Com alagamento, nem a máquina consegue pegar as sementes “, explicou Pinheiro. As pastagens de inverno, prontas para a plantação, foram prejudicadas de duas formas nas enchentes. As que já estavam no solo foram inundadas e as que aguardavam plantio agora enfrentam o problema da terra arada varrida, despreparada para receber a planta, com erosão, por exemplo.

    A Emater não recebeu relatos de inundações em áreas com plantio de hortaliças, mas as plantas folheosas são prejudicadas pelo excesso de umidade.

    Na pecuária, o relatório mais recente aponta para 400 cabeças de gado perdidas em virtude da enchente, mas o número pode ser ainda maior. “É um dado bastante preliminar e no momento impreciso. É o que coletamos até agora.” As perdas se concentram em Mato Alto, Linha Fundinho e no Bom Jesus, dentre outras localidades vera-cruzenses.

    Debaixo d’água

    Menos de uma semana. Foi o tempo que levou para que mais de 500 milímetros de chuva caíssem em Vera Cruz e nas proximidades, causando enchentes generalizadas. O mês mais chuvoso no município, em média, é outubro, com cerca de 200mm. Em seis dias, Vera Cruz recebeu o dobro. E muito mais. Se a preocupação dos produtores rurais na última safra de soja, por exemplo, foi o excesso de chuva mas em períodos prolongados – o que apodrece as raízes, enfraquece a planta e com a falta de luz solar, reduz a produção – nesta situação as plantações que aguardavam ser colhidas foram tragadas pelas águas das enchentes.

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    O criador de gado Paulo Fischborn, do interior de Vera Cruz, perdeu 86 das 213 cabeças de gado que possuía. “Eu tirei os animais do campo inundado e levei para outro campo, onde a água não chegava. Mas a enchente veio muito forte e a água subiu onde nunca havia subido antes. Às 15h estava tudo normal, à noitinha a água tinha inundado”, relata o proprietário. “Infelizmente não estava no local quando tudo aconteceu, se não tinha salvo eles. É muito triste e angustiante perder o gado. Pensar nos bichos sofrendo debaixo da água”, lamenta.

    Orientação

    A Emater orienta os produtores a informarem as perdas e os prejuízos ao Estado e à entidade. “Dentro do escopo das políticas públicas da agricultura familiar, buscamos informar para minimizar estes problemas, orientando o agricultor quanto às políticas públicas de crédito e seguro para a agricultura familiar. Alguns produtores com este prejuízo tinham as produções financiadas e com seguro. Orientamos para que seja acionado corretamente, que sigam todas as recomendações necessárias para evitar equívocos, tanto na informação das perdas, quanto no acionamento para que eles consigam então acessar as políticas públicas”, pontua Pinheiro.
    As informações de perdas nas enchentes podem ser prestadas pelo canal oficial da Emater de Vera Cruz, pelo fone: (51) 9 9575-8993.