São dezenas de grupos do município que representam a pluralidade cultural da Capital do Chimarrão
Dos passos ordenados ao ensino de como fazer chimarrão, as entidades culturais são grandes responsáveis por manter a tradição e levar o município para longe. Dessa forma, são dezenas de grupos de Venâncio Aires que representam a pluralidade cultural da Capital do Chimarrão, mantendo as raízes históricas.
Através de danças, festas, culinária e tradições iniciadas lá atrás, com fortes significados e conceitos, é dada a continuidade de nossa história. Nesse sentido, a Associação dos Amigos do Centro Municipal de Cultura (Acemuc) de Venâncio Aires deu o pontapé inicial, em 2010, para a preservação da memória dos portugueses, que foram os primeiros a colonizarem o município.
Desse modo, a presidente da Acemuc, Maria Lúcia Costa, decidiu criar o Núcleo Luso-Açoriano de Venâncio Aires, que foi oficializado em 2019, e tem, atualmente, cerca de 15 participantes. O local conta com sala para pesquisas e exposições de objetos dos antepassados, além do Grupo de Danças Açorianas Resgatando Nossas Raízes e do livro “Venâncio Aires Buscando Raízes”.
As apresentações iniciaram em 2018 e vinham conquistando espaço na região. Conforme a presidente do Grupo de Danças, e também descendente dos primeiros imigrantes açorianos do município, Maria Zulmira Portella de Moura, as coreografias e os trajes são originários da Ilha do Pico, de Portugal, e são instruídas por um professor de Taquari.
ASSOCIAÇÃO NÉGO FOOTBALL CLUB ACADÊMICOS DO SAMBA
Uma das mais antigas entidades de Venâncio Aires e de grande importância, a Associação Négo Football Club Acadêmicos do Samba iniciou a trajetória em 1935. Idealizado por João Generoso dos Santos, a sociedade foi fundada em razão da exclusão racial. Na época, os negros eram proibidos de frequentar clubes.
Até hoje, o Négo desenvolve um papel fundamental de preservação de suas raízes. De acordo com a presidente da entidade, Luciana da Silva, os eventos realizados há muitos anos pela associação ainda são mantidos, como o desfile de carnaval e o baile social de escolha da Mulata Café, que permitem levar o nome da Capital do Chimarrão a outros municípios. Ainda, ao longo do ano, ocorre o concurso Menina Flor e o Mãe Sublime. Também são desenvolvidas ações e palestras de conscientização.
A entidade conta com 45 sócios. Entretanto, a escola de samba já desfilou com 220 componentes na Rua Osvaldo Aranha, sendo uma das mais tradicionais agremiações carnavalescas de Venâncio Aires.
GRUPO DE DANÇAS FOLCLÓRICAS ALEMÃS DIE SCHWALBEN
Dos cerca de três grupos de danças alemãs de Venâncio Aires, está o Die Schwalben – o mais antigo. Criado em 1984 por Irma Rabuske, na Escola Leo João Frölich, de Linha 17 de Junho, a entidade já percorreu diversos municípios do Estado e esteve em Pomerode, em Santa Catarina, e na Alemanha.
São 33 dançarinos nas categorias oficial e casal, com trajes que remetem as lembranças de séculos passados e danças que expressam momentos significantes da cultura alemã. Segundo o coordenador do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Die Schwalben, Júnior Simão Becker, entre as principais atividades realizadas estão a Schwalbenfest, na qual se busca resgatar a história da entidade, e o café de aniversário, que reúne os dançarinos e os seus pais para uma tarde de integração. Ainda, os integrantes participam de ações solidárias e organizam lives sobre os costumes e as curiosidades da cultura.
Com o intuito de divulgar os hábitos e valorizar a tradição alemã, anualmente o Die Schwalben realizava 30 apresentações e participava do encontro de grupos alemãs do Rio Grande do Sul, em Gramado, para a troca de conhecimento.
INSTITUTO ESCOLA DO CHIMARRÃO
Conhecido internacionalmente, o Instituto Escola do Chimarrão representa Venâncio Aires há 23 anos, levando a bebida símbolo dos gaúchos para diversos lugares. Dessa forma, a entidade, que é a única neste segmento do Brasil, divulga os diversos benefícios da erva-mate e ensina a fazer o mate amargo, com a exposição dos 36 modelos produzidos pela ONG.
Segundo o diretor-executivo da Escola do Chimarrão e embaixador de Venâncio Aires, Pedro Schwengber, a entidade já visitou cerca de 320 municípios, sete estados brasileiros e cinco países da Europa. Além disso, eram 160 eventos participados ao longo do ano antes da pandemia. Ademais, com a estrutura física e itinerante do instituto, cerca de oito milhões de pessoas conheceram o trabalho venâncio-airense.
Mas, por trás disso tudo, há mais de 25 cidadãos que fazem parte desse projeto de resgate da cultura da erva-mate, fortalecendo a bebida que une os gaúchos e que é patrimônio imaterial de Venâncio Aires.
ASSOCIAÇÃO TRADICIONALISTA DE VENÂNCIO AIRES
A Associação Tradicionalista de Venâncio Aires (ATVA) nasceu da necessidade de se ter uma representativa maior da cultura gaúcha junto ao poder público no município. Nesse sentido, nove de cerca de 13 entidades tradicionalistas são associadas ao grupo, com segmentos artísticos e campeiros.
A associação é responsável pela organização de serviços durante a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), festejos farroupilha e demais eventos ligados à tradição. Pelas entidades associadas, são desenvolvidos cursos de danças, oficinas de culinária, atividades de resgate da história e apoio às crianças – além de algumas terem bibliotecas e brinquedotecas, com brinquedos antigos e tradicionais.
De acordo com o presidente da Associação Tradicionalista de Venâncio Aires (ATVA), Eagro Müller, a Capital do Chimarrão é referência dentro do Rio Grande do Sul e da 24ª Região Tradicionalista pelos eventos e pela capacidade de manter a tradição. “São muito importantes os trabalhos que são feitos para resgatar essas culturas. Se essa geração não fazer a busca, a próxima não irá fazer […] tradicionalistas são pessoas conhecedoras do seu passado e com o interesse em repassar o legado para gerações futuras”, diz o presidente da ATVA, Eagro Müller.
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