Imigrantes portugueses, alemães e italianos chegaram e instalaram moradia no município
De Faxinal dos Fagundes a Venâncio Aires teve mais uma denominação ao povoado até a emancipação em 1891. Ao longo desses anos, colonizadores portugueses e os negros, imigrantes alemães e italianos, entre outras nacionalidades, chegaram ao território e instalaram moradia no local de imensa reserva de mata nativa, entre elas de erva-mate.
Colonizado, inicialmente, com a chegada de lusos açorianos e seus escravos. A região do 2º distrito do município, Vila Mariante, teve grande ascensão com o passar dos tempos. Dessa forma, a localidade foi ponto importante de investimento, com o escoamento de mercadorias e transporte de pessoas através do Porto Gomes. Na época, a navegação era utilizada para viagens a Porto Alegre ou a municípios onde o Rio Taquari dava acesso.
Conforme um dos moradores de Vila Mariante, João Carlos da Silva, conhecido também como Zé da Patrola, o local era de grande movimento e de muitos negócios. Entretanto, a situação era complicada em razão das constantes quedas de luz e da falta de recursos, principalmente, médicos.“O transporte era tudo de barco, levavam coisas de longe e traziam também. Mas, quando uma pessoa adoecia, tinha que esperar recursos e nisso muita gente morria, porque não tinham muitos médicos e havia poucos carros […] lembro que as crianças faziam mais ou menos seis quilômetros a pé para ir no colégio e de pé no chão ainda, pois eram poucos que tinham calçados”, relembra seu João Carlos da Silva.
Além disso, Silva também acompanhou a construção da ponte da RSC-287, que liga Venâncio Aires a Porto Alegre. A estrutura, aguardada pelos moradores, porém, fez com que o fluxo de mercadorias e de pessoas reduzisse e se concentrasse na rodovia. Dessa forma, hoje, de acordo com o venâncio-airense, a grande maioria dos moradores precisa buscar emprego fora da localidade ou em outros municípios da região. Mas, esse fator não desanima os cidadãos que têm grande apreço por Vila Mariante e sua história.
Depois da chegada dos portugueses em Venâncio Aires, a região começou a ser colonizada por alemães, em duas formas de ocupação: uma na colônia particular na região de Estância Nova e outra de maneira muito maior a partir da expansão da antiga colônia provincial de Monte Alverne. O território era densamente ocupado e a população acabou se expandindo para as regiões dos 8º e 5º distritos, Vale do Sampaio e Centro Linha Brasil.
Com grande ascensão comercial na época, devido a quantidade de colonos, o 5º distrito abrigava casas comerciais, fábricas, hotéis, dentista, salões de bailes e entre outros. A localidade, tão querida pelos moradores, já chega a 160 anos de colonização. Dessa forma, um evento a cada dez anos era realizado para marcar a data. Entretanto, por conta da pandemia, em 2020 a festividade não pode ser feita. “Nós administramos a Casa Comercial Nilo Pilz, que era do meu sogro. O estabelecimento está em atividades acerca de 62 anos e foi o primeiro representante da marca Philips […] antigamente nós tínhamos aqui muitas coisas, como uma central telefônica”, diz o morador de Centro Linha Brasil, Elói Klamt.
Com o início das pavimentações na região, muitas pessoas da cidade passaram a construir moradias no interior. Segundo Klamt, o local conta com serviços, como comércio, escola, posto de saúde e cabelereiro, que influenciam a chegada de novos residentes.
Além disso, uma das casas comerciais mais antigas e conhecidas em Venâncio Aires, é a Schulz em Vila Deodoro. Iniciada as atividades em 1947 no 2º distrito do município, o comércio ainda está em atuação. Conforme o proprietário do armazém, Orlando Schulz, o estabelecimento abrigava também restaurante, hotel e ainda estação rodoviária, com passagens para a serra e para Porto Alegre.
Ainda, de acordo com Schulz, as principais dificuldades da época eram as estradas e o meio de transporte, que era feito através de carroça e de cavalo. Perguntado sobre o quê o morador de Deodoro, de 86 anos, mais admira, ele respondeu que é o progresso de Venâncio Aires.
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