Há alguns anos fiquei preso em um ônibus cruzando a cidade numa sexta-feira, durante a hora do rush. O tráfego mal estava se movendo.
Há alguns anos fiquei preso em um ônibus cruzando a cidade numa sexta-feira, durante a hora do rush. O tráfego mal estava se movendo. O ônibus estava cheio de pessoas cansadas da semana, que estavam profundamente irritadas umas com as outras, com o próprio mundo, doidas pra chegar em casa e descansar. Dois homens se estranharam por causa de um empurrão no corredor que pode ou não ter sido intencional. Uma mulher grávida subiu e ninguém lhe ofereceu um assento. A irritação e até uma certa dose de raiva estavam no ar.
Mas, quando o ônibus se aproximou da primeira parada, o motorista gritou:
– Gente, eu sei que vocês tiveram uma semana difícil, cansativa, e querem logo chegar em casa. Não posso fazer nada sobre o clima ou o trânsito, mas aqui está o que posso fazer. Quando vocês descerem do ônibus, estenderei minha mão para cada um. Enquanto você passar por mim, coloque seus problemas na palma da minha mão, certo? Não leve seus problemas para casa, para suas famílias esta noite, apenas deixe-os comigo. Meu caminho passa direto por um rio e quando eu passar por lá mais tarde, abrirei a janela e jogarei seus problemas na água.
Foi como se um feitiço tivesse se dissipado. Todos começaram a rir. Os rostos brilharam de surpresa e deleite. Um passageiro gritou:
– Como é? Esse cara está falando sério?
Sim, ele estava falando sério. Na próxima parada, conforme prometido, o motorista estendeu a mão com a palma para cima e esperou. Um por um, todos os passageiros que saíam colocavam suas mãos logo acima da dele e imitavam o gesto de deixar algo cair em sua palma. Algumas pessoas riram enquanto faziam isso, outras choraram. O motorista também repetiu o mesmo adorável ritual na próxima parada. E a próxima. Todo o caminho até o rio.
Você anseia pela luz, mas não sabe onde encontrá-la. Mas, e se você for a luz? E se você for o agente de iluminação que uma situação escura implora? Isso é o que esse motorista de ônibus me ensinou, que qualquer um pode ser a luz, a qualquer momento. Quando a vida parece especialmente sombria ou quando me sinto particularmente impotente em face dos problemas do mundo, penso nesse homem e me pergunto:
– O que posso fazer, agora, para ser luz neste lugar?
Não importa quem você seja, ou onde esteja, ou quão difícil sua situação possa parecer, acredite: você pode iluminar o seu mundo. Na verdade, acredito que esta é a única maneira pela qual o mundo será iluminado: um brilhante ato de graça de cada vez. Cada um fazendo a sua parte.