Tem horas que a gente cansa

A história é cíclica, ou seja, se repete, e o tempo em que isso acontece varia. Enquanto seres humanos, nos intitulamos racionais, mas por vezes nesse andar da carruagem comentemos os mesmos erros.

Fico me perguntando se isso acontecesse pelo fato de não termos aprendido com os erros ou pela necessidade de sobrevivência da espécie?

Partindo dessa pergunta poderíamos entrar na discussão da teoria da evolução e, se numa roda de bar estivéssemos, não tenho dúvida que caminharia minhas palavras para buscar entender de qual evolução estaríamos falando.

Cresci escutando que somos seres evoluídos, que somos mais capazes, mais inteligentes e capazes de (sobre)viver melhor e por mais tempo devido a isso tudo. Confesso que a cada dia que passa tenho dúvidas se realmente somos tão evoluídos e inteligentes.

Talvez a questão não passe pela inteligência em si, traduzida na capacidade do fazer, e sim naquilo em que a empregamos. De boas intenções o mundo está cheio, mas de bons construtores e realizadores das mesmas, nem tanto.

Aliás, fazer algo de bom, na atualidade, passou a ser motivação de diferenciação em lugar de dever de cidadão. Ajudar alguém em dificuldade deixou de ser normalidade, na medida que o ato em si precisa vir acompanhado de uma foto, um texto e de preferência por comentários positivos e ou por uma fila de potássios (kkkkkk), pois essa é a comunicação e a linguagem do momento.

O tribunal virtual tem determinado as regras do certo e do errado, do alegre e do triste, e o que mais me impressiona é que nele repete-se, muitas vezes, aquilo que tanto condena-se ser feito por um certo alguém lá pelas bandas do planalto central, ou seja, não respeitar o direito de defesa ou simplesmente julgar ao seu modo de entender e pronto.

Aliás, direito de defesa já nos leva ao fato de haver uma acusação e, nesse sentido, que algo errado foi feito quando em verdade, talvez, foi apenas uma maneira de fazer diferente, porém contrária a ideia do outro. Todos possuem direito de acusar e julgar como bem entendem pois nosso “exemplo” é dado diariamente lá “de cima”.

Aqui, no nosso mundinho, no fim do país, ou seria no começo, na sua pequena cidade, não é diferente. Muitos falam, colocam suas interpretações dos fatos como sendo verdade e era isso. Caso você fale sua opinião, se tiver chance, será considerado inimigo e perseguido. Tudo isso coberto pelo falso manto da luta do bem-estar para todos que, no fundo, é a maneira que as pessoas encontram para alimentar o ego e sobreviverem.

Ser diferente pressupõe fazer diferente. Persistência e consistência são palavras chaves que determinam quem somos ou vamos ser e que devem nortear nosso dia-a-dia. Estamos, energética e espiritualmente, numa guerra cheia de armadilhas. A primeira, com certeza, é achar que somos donos da verdade e da melhor estratégia. Outras, não menos importantes, mas também desafiadoras, são a intolerância, a raiva o desamparo e desamor que estão postos como forma de nos levar a esquecermos de nós mesmos e sequer pensar que do outro é importante lembrar.

Destrua-se a natureza, destruam-se as relações, destruam-se os valores e virtudes do ser humano na busca de um lugar ao Sol….é mais ou menos assim que as coisas estão caminhando. “Pensar fora da caixa” é ordem, alguém disse, e lá corre todo mundo; entretanto esquecem que isso não é um convite a transgredir, um passaporte para ferir e sim ´um convite a tentar fazer melhor para todos e não apenas para si.

Desculpem o desabafo mas tem horas que a gente cansa; mesmo assim eu sigo, eu tenho fé e religiosidade que me levam a crer que ainda temos chance, basta um grupo pequeno de pessoas organizadas a fim de levantar a bandeira. Criticar, apontar problemas e julgar sempre foi a parte fácil.

O momento pede pessoas dispostas a apontar soluções e eu queria muito ter você nesse time. Façamos o exercício dentro de casa, reclamando menos e ajudando mais; no escritório fazendo a parte que nos cabe e ajudando o colega quando possível e por aí vai. Se o mundo está sendo “dominado” pela inteligência artificial e pelo tribunal virtual, lutemos; pois o amor será sempre natural e quanto maior o amor menor o julgamento. ALOHA