Cobertura Especial

Mari dribla barreiras e conquista seu espaço

Publicado em: 07 de março de 2024 às 17:13 Atualizado em: 10 de abril de 2024 às 17:03
  • Por
    Carolina Sehnem Almeida
  • Fonte
    Jornal Arauto
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    Os colegas de time a defendem quando alguém fala que futebol não é coisa de menina

    Provavelmente Mariana Roos, no alto de seus oito anos de vida, não faça ideia das barreiras que já driblou e do espaço que conquistou. Talvez também seja cedo para projetar o futuro, ainda que o seu sonho seja claro: jogadora de futebol. Ela já é, e com destaque. A modalidade tem ganhado cada vez mais notoriedade entre as mulheres, mas em Vera Cruz, participar de escolinha para aperfeiçoar seu talento e encarar diversas competições, inclusive em nível estadual, é realidade para raras. Mas Mari é uma delas.

    Não é à toa que seu professor na Korpus Futsal, Rodrigo Lisenko Magno, rasga elogios. “A Mariana se destaca, sim, nos treinos e nas competições, inclusive foi convidada para participar do nosso sub 09 que jogará a Liga Gaúcha. Estes atletas que irão jogar o Estadual são selecionados por destaque e merecimento em todos núcleos”, destaca, mencionando que são duas meninas que treinam na escolinha. Ela começou na Korpus em julho de 2022, mas o gosto pela bola foi influência do pai, Diego, pois a menina o acompanhava na prática do esporte. Foi tomando gosto de tal forma que decidiu ir além. Sua mãe, Shana, recorda que no começo, Mari reclamava que os meninos não passavam a bola para ela, provavelmente por ser menina. “O que nós dizíamos para ela era que  deveria buscar o espaço. Que fosse atrás da bola”, confessa a mãe. E Mari foi. “Ela teve que provar que era boa, porém acreditamos que isso não seja culpa dos meninos que jogavam com ela na época, e sim de uma sociedade que ensina o que é coisa de menino e o que é coisa de menina”, sublinha Shana.

    Com o tempo, Mariana recebeu o reconhecimento dos meninos, que já não fazem nenhuma distinção por ela ser menina, inclusive na forma de jogar. Partem para cima da ala/pivô sem receio. “Hoje, os meninos inclusive a defendem muito quando alguém fala que futebol não é coisa de menina.

    Onde joga, Mari chama a atenção. Os treinadores a incentivam e levam nas competições para jogar lado a lado com os meninos, sem qualquer distinção. Fruto de dedicação, treino e reconhecimento. No torneio do Vivo Olímpico, no Grêmio, em Porto Alegre, entre centenas de meninos, ela era a única menina a ser vista. Em outra competição, teve pais sugerindo aos filhos que tirassem foto, pois um dia vai ser famosa e eles vão ter uma recordação. Em julho deste ano, virá um novo desafio: uma competição no Rio de Janeiro, onde novamente será a única entre os garotos.

    De personalidade forte, Mari confessa que o que gosta mesmo de brincar é de bola e tem como ídolos Cristiano Ronaldo e Pedro Henrique. Na visão dos pais, como o futebol feminino não é tão difundido na mídia, ela se inspira mais em jogadores masculinos, que têm mais visibilidade. Mas se chamada de “mini Marta”, um apelido que ganhou dos colegas, ela rebate: “eu sou a Mariana”. Anotem este nome.