Com estudo, treinamento, gestão, organização e, por que não dizer, o jeitinho feminino de atender, elas foram longe
Quando alguém afirma que mulher consegue desempenhar mil papéis e dar conta de tudo, poderia ilustrar com uma foto das vera-cruzenses Cláudia e Clara Tornquist. Mãe e filha, elas são as gestoras da empresa Extinvec, que atua na venda, recarga e no teste de extintores de incêndios, assim como na elaboração de Plano de Prevenção e Proteção de Combate a Incêndio (PPCI) para empresas, Prefeituras e eventos de modo geral. Mas até chegar a esta história, que começou há sete anos, a jornada é longa. Cláudia já teve uma porção de ofícios. Aos 50 anos, ela acumula vasta experiência no comércio, fez sua graduação e trabalhou como professora de Educação Física em escola, além de outros trabalhos.
Clara, a filha, possui 27 anos e herdou muita coisa da mãe. Além de extremamente comunicativa, formou-se em Biologia. Por conta da empresa criada pela família, fez o curso e se tornou bombeira civil. E se não bastasse, estuda Engenharia Civil, sua segunda graduação.
Cada uma com formações e vivências diferentes, que resolveram se unir num novo desafio. Trabalhar em família, assumir a gestão de uma empresa num ramo tradicionalmente masculino, romper barreiras e conquistar mercado. Tudo isso elas conseguiram, e com aquele jeitinho feminino, carinhoso, simpático, criaram um diferencial de atendimento.
Se Cláudia pudesse se resumir em uma palavra, talvez seria inquieta. Está no seu DNA se motivar a buscar coisas novas. E Clara, de novo, puxou a mãe. Ao perceber algumas lacunas na empresa criada pela família – justamente num ramo em que havia carência em Vera Cruz – ela vai estudar, se capacitar para atender. Os desafios são pequenos diante da perseverança desta jovem bióloga-bombeira-gestora-quase engenheira.
É claro que quando abriram a Extinvec, a empresa se resumia ao comércio de extintores de incêndio. Cada passo foi dado em sua vez. E passado um ano, já estavam com oficina credenciada pelo Inmetro para fazer as recargas e os testes de extintores.
Mais um passo e a empresa gerenciada por mãe e filha passou a oferecer outro serviço, a elaboração de PPCI, inclusive de grandes eventos, como a última Oktoberfest, o Enart e o Carnaval de Rio Pardo, por exemplo. Como bióloga, Clara ainda consegue atender na realização de alvará sanitário e licença ambiental. E como o trabalho passou a exigir a formação de Brigada de Incêndio nas empresas com PPCI para as vistorias e os treinamentos, e este trabalho é executado por bombeiro, Clara não pensou duas vezes e fez o curso, tornando-se bombeira civil, com foco em prevenção, combate ao incêndio, resgate de modo geral. A intenção era se preparar para melhor atender na empresa familiar, tornando-a cada vez mais completa. Também por esta necessidade, resolveu fazer a segunda graduação, em Engenharia Civil, que está em andamento. E se não bastasse, realiza treinamentos diversos, como para evacuar locais, assim como para lidar com animais peçonhentos.
Pois quando assumiram a Extinvec, uma empresa que atende a um público e um segmento ainda bastante masculino, elas confessam que sentiram na pele a desconfiança sobre a atuação das mulheres neste nicho. Chegaram a ir de porta em porta nos empreendimentos para apresentar a empresa e seu trabalho, persistiram e conquistaram seu espaço. Viraram “a mulher e a guria dos extintores”, apelido que diverte mãe e filha.
E quando a estranheza foi substituída pela confiança, Cláudia acredita que surgiu o diferencial da empresa. O toque feminino no gerenciamento, sempre com sensibilidade, agilidade e resolutividade, fez com que o negócio desse certo. “A mulher naturalmente desempenha muitos papéis, sabe se organizar. O nosso trabalho é de muito compromisso e responsabilidade”, assegura Cláudia. Além dos serviços esporádicos, a empresa atende de forma fixa clientes espalhados em 10 municípios gaúchos.
Desta forma, mãe e filha se mostram realizadas. Não possuem a força física que os homens possuem para certos trabalhos braçais, mas não há nada que as impeça de atuar, lado a lado, com eles. Com estudo, treinamento, gestão, organização e, por que não dizer, o jeitinho feminino de atender, elas foram longe. A profissão as levou a conhecer muitas empresas, pessoas e lugares, nos mais variados ramos, e para todos estes clientes, a igualdade no tratamento é a principal característica delas, que usam a sensibilidade feminina, o carinho e o respeito para conquistar parceiros. Se no começo o trabalho de formiguinha era para apresentar a empresa e o que fazia, hoje o cliente bate à porta e lá estão elas, a mulher e a guria dos extintores, com sorrisão estampado no rosto para acolher.
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