Política

Moro propõe mais rigor para progressão de pena e prescrição de crimes

Publicado em: 06 de novembro de 2018 às 19:14 Atualizado em: 20 de fevereiro de 2024 às 14:44
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Agência Brasil
  • Foto: EBC/ Divulgação
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    A ideia geral é resgatar parte do pacote de 10 medidas contra a corrupção proposto pelo Ministério Público Federal

    Na primeira entrevista coletiva concedida após ter aceitado o convite para ser ministro da Justiça, o juiz federal Sergio Moro afirmou  nesta terça-feira (6), em Curitiba, que pretende apresentar um conjunto de projetos de lei para combater a corrupção e enfrentar o crime organizado. A ideia geral, segundo o magistrado, é resgatar parte do pacote de 10 medidas contra a corrupção proposto pelo Ministério Público Federal (MPF), mas que não avançou no Congresso Nacional, além de outras iniciativas apresentadas por organizações da sociedade civil, como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Transparência Internacional.

    "A ideia é que essas reformas sejam propostas simples e que possam ser aprovadas em breve tempo, sem prejuízo que propostas mais complexas sejam apresentadas em momento posterior ou paralelamente", explicou. Ele citou alguns exemplos do que pretende enviar ao Congresso, mas ressaltou que a versão final das propostas, ainda em estudo, deverão ser precedidas de um acordo interno que será construído com o presidente eleito, Jair Bolsonaro. O objetivo é aprovar essas medidas ainda nos primeiros seis meses de governo. 

    Entre as medidas propostas por Moro, está a alteração das atuais regras de prescrição dos crimes, a possibilidade de deixar mais claro na legislação o cumprimento da prisão após condenação em segunda instância.  A previsão da execução das sentenças dos tribunais do júri também foi apontada pelo futuro ministro. "Já existe um precedente da 1ª turma do Supremo Tribunal Federal admitindo que o veredicto do tribunal do júri sobre crime de homicídio possa ser executados independentemente de recursos. Num quadro grave de epidemia de homicídios, me parece importante essa medida", afirmou. 

    Moro também sugeriu a proibição de progressão de regime prisional quando houver prova de ligação do preso com organizações criminosas. "Se existem provas de que o preso mantem vínculos com organizações criminosas, significa que ele não está pronto pra ressocialização", argumentou. Ele também falou em uma regulamentação mais clara para a utilização de policiais disfarçados em operações para desbaratar o crime organizado. " A nossa legislação, embora permita esse tipo de comportamento, não é totalmente clara", justificou. 

    MEDIDAS DO EXECUTIVO

    Além dos projetos de lei, Sergio Moro afirmou que pretende incrementar o controle de comunicações de detentos. "A prisão tem que neutralizar a possibilidade dessas pessoas comandarem crime de dentro [dos presídios]", afirmou. Ele também falou em ampliar a base de dados genéticos, como forma de aprimorar a elucidação de crimes.

    O futuro ministro ainda falou em uma "progressiva profissionalização do serviço público civil", sugerindo que cargos em comissão deveriam ser ocupados por meio de concursos. Ele disse que sua ideia de combate ao crime organizado não dará prioridade ao confronto policial, a não ser em situações extremas, como o enfrentamento de áreas dominadas pelo crime organizado. "O confrontamento pode acontecer, mas ele é sempre indesejável. a boa operação policial é a que niguém se machuca", diz. 

    Ele disse também que não permitirá o uso do aparato federal de segurança pública para perseguir adversários políticos do governo. "É um pouco estranho dizer isso, mas não existe a menor chance de utilização do Ministério da Justiça e da polícia para perseguição política. Isso não aconteceu na Lava Jato, não vai ser no ministério que vou começar a realizar isso", acrescentou.