Dados fazem parte do boletim Indicadores, divulgado na manhã desta quarta-feira pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão
Em meio a um cenário externo de incertezas por conta do novo coronavírus (Covid-19), as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2020, queda de 23,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Janeiro, fevereiro e março coincidiram com o ápice das restrições decorrentes da pandemia na China, principal comprador do Rio Grande do Sul, o que puxou para baixo as vendas nos setores de produtos florestais (US$ 214,7 milhões; -68,5%) e fumo (US$ 281,8 milhões; -39,4%). Também registrou queda nas exportações o setor de cereais, farinhas e preparações (US$ 179,6 milhões; -33,5%), enquanto o destaque positivo do período ficou para a alta nas vendas de carnes (US$ 455,6 milhões; +60,6%) e do complexo soja (US$ 350,1 milhões; +17,7%). Em termos absolutos, a redução do valor exportado foi de US$ 547,5 milhões.
Os dados fazem parte do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado na manhã desta quarta-feira (6) pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Elaborado pelos analistas do Departamento de Economia e Estatística (DEE) Sergio Leusin Júnior e Rodrigo Feix, o documento referente ao primeiro trimestre de 2020 não conta, diferentemente das versões anteriores, com informações sobre o emprego formal no agronegócio gaúcho. Os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), produzidos pelo Ministério da Economia e que servem de base para este estudo, ainda não foram divulgados pelo governo federal, impossibilitando a análise. "No Boletim anterior, tínhamos alertado para a alta expressiva das vendas de celulose do Rio Grande do Sul para a China em 2019, que chegou a 60% em valor. Já era pouco provável a manutenção deste patamar elevado em um cenário sem restrições produtivas e logísticas. Com o coronavírus, este movimento de recuo pode ter sido potencializado", destaca Leusin.
Produtos e destinos
No que se refere aos principais produtos por setor do agronegócio, entre os produtos florestais a celulose registrou forte redução nas vendas (-76,3%). No setor de fumo, a China interrompeu por completo as compras, o que levou à redução nas vendas de fumo não manufaturado (-41,1%). Nos cereais, a redução nos embarques de trigo (-55,6%) foi o principal responsável pelo impacto negativo dos números.
No ritmo contrário, as vendas de carne suína do Rio Grande do Sul atingiram o maior valor para um primeiro trimestre (US$ 128,5 milhões; +78,6%) desde o início da série histórica, em 2007. De acordo com o boletim, a alta ainda reflete os efeitos da peste suína africana, que aumentou a demanda chinesa pela proteína animal. A carne de frango (+82,1%) também foi outro dos destaques do setor.
Quanto à soja, cuja colheita se inicia no segundo trimestre, os números dos primeiros três meses do ano ainda não refletem os impactos da estiagem na produção gaúcha. O crescimento das vendas no período que antecede a colheita no Rio Grande do Sul pode ser explicado, em grande parte, pela comercialização dos estoques de passagem.
Em relação aos principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho, a China segue na liderança dos maiores parceiros, responsável por 23,6% do valor total comercializado. Ainda assim, o gigante asiático registrou uma queda de US$ 128 milhões (-23,1%) nas compras do Rio Grande do Sul. União Europeia (15,7%), Estados Unidos (6%), Coreia do Sul (4,8%) e Arábia Saudita (4,5%) seguem o ranking de participação nas vendas. O bloco europeu foi o responsável pela maior queda percentual nas vendas no primeiro trimestre (-33,5%).
Estiagem
Com um impacto no rendimento da produção que chega a 29,3% na soja, 19,9% na lavoura de fumo e 18,6% no milho, a estiagem que atinge o Estado também restringirá a oferta dos produtos para exportação. Com uma perda estimada inicialmente em 5,1 milhões de toneladas, a produção de soja tende a sofrer uma quebra ainda maior em função da irregularidade e da falta de chuvas no final de abril, período não avaliado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na estimativa mais recente.
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