Aumento de denúncias indica maior rompimento do silêncio e procura por ajuda
A região tem registrado um aumento no número de denúncias de violência contra a mulher. Em entrevista à Arauto News 89,9 FM, o delegado titular da Delegacia de Polícia de Rio Pardo, Anderson Fatturi, explicou que isso não significa necessariamente um crescimento dos casos, mas sim uma maior efetividade na investigação e no acolhimento das vítimas, além de uma maior conscientização e força das mulheres para denunciar situações de agressão.
Segundo o comissário de polícia Alessandro Simões, muitos agressores ainda mantêm uma cultura de posse sobre a mulher e não aceitam o fim de relações abusivas, o que motiva grande parte dos crimes registrados. Ele revelou uma situação grave que aconteceu recentemente, onde uma mulher chegou à delegacia acompanhada pelo agressor e, sem que ele percebesse, entregou um bilhete pedindo ajuda. “Nós temos adotado prioridade nesses casos. Esse ano, todo e qualquer mandado de prisão que nos chega, ou mandado de busca para localizar a arma, a sessão da investigação imediatamente já sai atrás para capturar. Sabemos que não é com essa arma talvez que ele possa vir, mas a presença da polícia no local, já diz para ele o que pode acontecer”, apontou.
O delegado Fatturi contou que cerca de 90% das prisões realizadas este ano em Rio Pardo estão relacionadas a crimes de violência doméstica, incluindo ameaças de morte e tentativas de feminicídio. Para ele, o aumento no número de registros e prisões é um indicativo positivo, pois significa que o Estado e a sociedade estão olhando de forma mais atenta para esses casos, tornando as medidas de proteção e punição mais eficazes. “Sempre existiu. Agora se está sendo efetivo no registro, na investigação, no afastamento, na prisão, se necessária, e na proteção da mulher”, disse.
Ainda, o comissário Simões alertou para o contexto cultural da região, que conta com uma grande extensão rural e histórias de relações longas marcadas pela violência. Segundo ele, com a maior divulgação de casos na mídia e campanhas de conscientização, mais mulheres têm encontrado coragem para romper o silêncio e procurar ajuda. “Relações de 20, 25, 30 anos de casamento, em que viviam constantemente isso e que não aguentam mais. Aí, por conta até mesmo de outras situações que foram noticiadas, elas se sentem encorajadas e procuram a delegacia. As pessoas estão buscando mais ajuda do que antes era um caso que ficava subnotificado“, ressaltou.
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