Audiência pública foi realizada no Plenário Vereador Nilton Garibaldi
A Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul realizou uma audiência pública, nessa segunda-feira (2), no Plenário Vereador Nilton Garibaldi, referente à atuação da Comunidade Terapêutica Recomeçar. O evento contou com a participação do representante da Secretaria municipal da Saúde, Alexandre Butzke; do presidente da Comunidade, Roberto Augusto de Moura; do vice-presidente, Daniel Kellermann; do coordenador Antônio Weber e do responsável técnico, Altemir Thormann Rodrigues.
Roberto Moura, presidente da Comunidade Terapêutica Recomeçar iniciou suas atividades em julho de 1987, como Unidade de Tratamento de Alcoolistas do Vale do Rio Pardo (Utravarp), fruto de uma união de um grupo de alcoolistas que haviam passado por tratamento em outras cidades.
“Eles resolveram construir uma clínica em Santa Cruz e receberam do Prefeito Armando Wink um terreno na rua Simão Gramlich, esquina com o Corredor Frey, onde edificaram a estrutura, com cerca de 1300 metros quadrados. Estas pessoas se mobilizaram, fizeram almoços, jantas, rifas, correram atrás de doações para edificar”, observa.
O grupo teve várias pessoas, segundo Roberto Moura, mas algumas tomaram a frente, como o Pastor Silfredo Dalfert; os presidentes Arlindo Molz; Gertha Kohls; Romeu Waecher; Harvei Arendt; Roberto Moura, quando ouve a mudança de Utravarp para Comunidade Terapêutica Recomeçar.
Roberto Moura lembra que sempre teve convênio com o município. “Tivemos muitas internações de fora do município, mas a grande maioria é de Santa Cruz do Sul. Iniciamos com um programa similar ao que tem hoje – de 35 dias -, a desintoxicação na clínica mesmo”.
No começo praticamente 100% dos pacientes eram alcoolistas e com o tempo, os pacientes eram dependentes de outras drogas. Em 2009, o Conselho Municipal da Saúde não autorizou mais a renovação do convênio. “90% dos pacientes eram custeados com recursos do convênio com o município e ficamos sem chão. Foi o ano mais difícil até hoje. Depois, com a ajuda de várias pessoas, inclusive da Câmara na época, inciamos como Comunidade Terapêutica”, lembra.
Ele salienta que com este novo convênio, não existe mais desintoxicação. “Isso é um grande problema pra nós. No alcoolismo e na drogadição, quando a pessoa precisa ser internada, precisa ser logo, não pode esperar. Os pacientes que vem do Caps fazem essa desintoxicação numa unidade hospitalar. Depois vão para lá num programa de 90 dias”, observa.
Roberto cita que em 30 anos a entidade já tratou mais de 12 mil pacientes. “Se me perguntarem qual o índice de recuperação, eu não sei. Mas seguidamente encontramos pessoas na rua, que passaram lá e se recuperaram. Quem volta, é porque ainda segue com problemas”.
O presidente da CT Recomeçar ainda salientou que no ano que vem vence o contrato com o município e solicita para a nova gestão que se estude uma nova forma de auxílio à entidade, pois o atual contrato não contempla os serviços prestados à comunidade.
O representante da Secretaria Municipal da Saúde, Alexandre Butzke, disse que atualmente o município tem o convênio de 632 diárias/mês. “A gente entende que a desintoxicação por não ser mais feita na Clínica também seja prejudicial. Mas hoje o Estado puxou isso para ele, então é ele quem regula isso e, posteriormente, via profissional médico, é encaminhado para internação clinica”, observa.
O presidente Gerson Trevisan, ao final do encontro, anunciou o repasse, via sobras do Legislativo, do valor de R$ 200 mil para a Comunidade Terapêutica Recomeçar. Os recursos, um pedido da entidade ao Legislativo em dezembro, devem ser utilizados na aquisição de um veículo para o transporte de pacientes, aparelhos de ar condicionado para pacientes, reforma do telhado e rede elétrica, aquisição de fogão, entre outras melhorias a serem realizadas pela entidade.
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