Em 1979 que a relação de Mari Beatriz Kussler com Vera Cruz começou a se estreitar
É senso comum que a saúde é o bem mais precioso do ser humano. Mas há alguns momentos na vida que, gostando ou não, é necessário recorrer aos hospitais e aos profissionais de saúde para restabelecê-la. Nestes ambientes, as relações humanas são intensificadas. Os cuidados, a atenção e a recuperação dos pacientes geram sentimento de gratidão que é levado para toda a vida. E, não raras as vezes, os profissionais da saúde se tornam amigos. Em um município como Vera Cruz, então, em que muitas pessoas se conhecem, este reconhecimento fica ainda mais evidente.
É o caso da técnica em enfermagem Mari Beatriz Kussler, de 66 anos. Natural de Passo Fundo, Mari chegou na região para morar em Santa Cruz do Sul no ano de 1966. Aos 17 anos já dava os primeiros passos na área da saúde, quando começou a trabalhar no Hospital Santa Cruz (HSC). No entanto, foi em 1979 que a relação de Mari com Vera Cruz começou a se estreitar, após ela ser contratada pelo então Hospital Teresa.
Na oportunidade, a profissional realizava uma jornada dupla de trabalho, prestando seus serviços ao HSC e ao hospital vera-cruzense. Em 1980, após se casar, fixou residência na Capital das Gincanas, de onde nunca mais saiu. Segundo Mari, a escolha da profissão pela qual seguiria por toda a vida foi algo fácil, pois segundo ela, o amor pela atuação na área médica já estava presente na família, uma herança. “Eu sempre gostei da área da saúde, desde pequena. Meu pai fez medicina, mas não seguiu. Está no sangue, tenho parentes que trabalham na área da medicina. Então, acho que já era algo natural eu seguir neste caminho”, destaca a técnica em enfermagem.
Atenção com os pacientes
O início, como na maioria das vezes, nem sempre é fácil. Em uma estrutura ainda distante da atual, Mari e as demais funcionárias da instituição se desdobravam para realizar todos os trabalhos necessários no Hospital Teresa. “Quando comecei a trabalhar no Hospital Teresa era tudo diferente. Não se tinha tantas salas, não haviam enfermeiras, os funcionários eram, em sua maioria, técnicos de enfermagem e auxiliares. Como eram poucas pessoas, a gente ajudava na cozinha, ajudava na medicação, intercalávamos entre nós, naquele período trabalhávamos oito horas. Era bastante movimentado o hospital tendo em vista o tamanho da cidade”, explica Mari.
Durante os anos de atuação, a técnica em enfermagem vivenciou diversas situações que marcaram a sua vida, como ter que realizar um parto na porta do banheiro do hospital, algo que lhe emociona até hoje pela complexidade da situação. No entanto, não é apenas de momentos de alegria que se vive a profissão. Em muitos casos, foi necessário se adaptar aos males que acompanham os trabalhos. “Já perdi muitas pessoas em minhas mãos, isso é algo realmente muito difícil. No começo eu chorava quando o paciente não resistia. Mas, com o passar do tempo, a gente se acostuma com isso e vai aprendendo a lidar. A gente faz o que pode para ajudar o paciente”, destaca a profissional.
Realização pessoal
Orgulhosa de sua trajetória, Mari afirma que fazer o bem para as pessoas lhe traz muita satisfação. Tanto é que, mesmo estando aposentada desde 2010, nunca deixou de ajudar quem lhe procura. “Eu me sinto muito bem em ajudar, de vez em quando me chamam para pedir informação sobre situações que passava na enfermagem, como dar banho em alguém debilitado ou mesmo fazer injeção”, ressalta Mari, que atualmente cuida de uma senhora que foi sua colega no Hospital em Vera Cruz. No trabalho realizado na Capital das Gincanas, a técnica em enfermagem ainda relembra o fechamento do Hospital Teresa, em 1996. Após ficar um ano sem atividades, reabriu no ano seguinte com o nome de Hospital Vera Cruz. Desligada do quadro de funcionários em 1996, para sua surpresa foi chamada de volta na reabertura da instituição, fato que lhe orgulha até hoje.
Saudosa, Mari afirma ter passado bons momentos durante os anos de trabalho, seja no contato diário com colegas ou então com pacientes, que muitas vezes a encontram e agradecem pelos serviços prestados. “Tem gente que até hoje me encontra e me abraça agradecendo por tudo o que eu fiz por ela. Só um muito obrigado já é muito para nós. A gente enfrenta muitas dificuldades, mas sempre é gratificante poder ajudar as pessoas quando elas mais precisam”, destaca a profissional da saúde, que conclui agradecendo Vera Cruz pelo acolhimento e pelos momentos vividos. “Sinto-me muito orgulhosa do que fiz e aprendi na vida. Vera Cruz é um lugar que tu convives muito com as pessoas e ter o reconhecimento delas é algo realmente especial”, afirma.
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