Magda Schwab Accorsi trabalhou no Mesquita e participou do crescimento de centenas de alunos
Na vida de toda criança, certamente um dos momentos mais marcantes é o início da vida estudantil. Ir à escola, conhecer os colegas, professores, em um ambiente novo, para alguns pode ser uma feliz descoberta, mas para outros é uma delicada fase de adaptação a um mundo totalmente novo. Neste período, sobressai-se a presença do professor. Mais do que conduzir este processo de conhecimento e descobertas, o professor cria memórias afetivas com seus educandos. Ganham os dois lados, de quem aprende e de quem ensina. Com esta responsabilidade, durante 24 anos Magda Schwab Accorsi trabalhou na EEEF Tenente José Jerônimo Mesquita, participando do crescimento de centenas de alunos vera-cruzenses que hoje trilham os seus caminhos na Capital das Gincanas ou ao redor do mundo.
Apaixonada pelo conhecimento e curiosa por natureza, a trajetória de Magda na educação iniciou a centenas de quilômetros de Vera Cruz. Foi no sul do Estado, na cidade de Pelotas, que a então futura professora passou a infância e adolescência até se formar na faculdade de História Natural. Com os estudos concluídos, quis o destino que a pelotense conhecesse e se casasse com o Dr. Walter Accorsi, com quem, em agosto de 1974, se mudou para Vera Cruz e constituiu família. Conforme Magda, a chegada ao município foi desafiadora no início, pois estava vindo de uma cidade grande para uma que ainda se organizava administrativamente. “Foi um choque de cultura, eu vinha de uma cidade grande, com duas universidades, e quando chego aqui, era uma cultura diferente. Levei muito tempo para me adaptar. No entanto, hoje eu digo que sou muito mais vera-cruzense do que pelotense”, conta a professora.
Início no Mesquita
Após dois anos da chegada ao município, quis o destino que após um mês do nascimento do seu primeiro filho, surgisse a oportunidade que ela tanto esperava: ser professora. Assim, conciliando a vida de mãe com a de professora, começou dando aula para uma turma de quarta série. Mesmo sendo desafiador, a realização por estar fazendo o que gostava só impulsionou os sonhos de Magda, que com o passar dos anos foi conquistando uma forte ligação com a sua escola, que no fim se tornou a única onde exerceu a sua profissão.
Nos 24 anos de trajetória, a professora – que também se tornou diretora posteriormente -, se emociona ao lembrar do carinho dos alunos durante os dias em sala de aula. “O aluno, para nós, é um filho também, passar conhecimento era maravilhoso. Lembro de uma vez em que um aluno pegou uma borracha de uma coleguinha, e então eu perguntei a ele o que se dizia quando devolvíamos algo para alguém. Ele me olhou e disse que sempre quando ele devolvia algo emprestado, dizia muito obrigado. Pode parecer algo simples, mas se uma criança conseguir ser uma pessoa boa, já vai valer muito”, conta.
As mudanças na educação
Nas últimas décadas, o mundo todo passou por intensas transformações, não sendo diferente na educação. Assim, quando começou a trabalhar na escola Mesquita, Magda se deparou com uma estrutura e um ambiente muito diferentes do atual. Mais simples, mas com o mesmo propósito de garantir qualidade no ensino das crianças vera-cruzenses, característica que sempre distinguiu o educandário localizado no centro da cidade, perto da Prefeitura.
Segundo a professora, um objeto que hoje é desconhecido por grande parte dos novos professores e alunos, teve papel fundamental na educação de muitos: o mimeógrafo. Durante cerca de 20 anos, o equipamento foi companheiro de Magda e de seus estudantes. Com a função de reproduzir com baixo custo cópias em série de textos e demais atividades escolares, o aparelho utilizava estêncil e álcool, sendo um dos pioneiros no uso do ensino escolar. No entanto, segundo conta, em muitas situações o mimeógrafo foi motivo de dor de cabeça, pela necessária manutenção. “Quando cheguei no Mesquita já tínhamos o mimeógrafo. Por muitos anos foi assim. De 1976 até 1996 ele foi o responsável pelas cópias da escola. Quando me tornei diretora, tinha como meta comprar uma máquina de xerox, pois facilitaria muito o trabalho dos professores, que desprendiam muito tempo e esforço com o modelo antigo de impressão”, lembra.
Além da questão estrutural, Magda afirma que o ambiente escolar também passou por uma grande transformação. “Há muitos anos, havia um engajamento grande dos pais com a escola, fazíamos diversas ações para angariar recursos. Não se tinha nenhum tipo de apoio do Governo, então tudo o que investíamos vinha da união dos funcionários da escola e dos pais que nos ajudavam”, relembra com orgulho a professora.
Uma realidade desafiadora, mas muito especial
Assim, com o passar dos anos, a importância de Magda no educandário foi ganhando cada vez mais força, a ponto da professora assumir a direção do Mesquita. Colocando sempre o bem-estar da escola em primeiro lugar, a docente afirma ter sido uma diretora rígida, mas muito carinhosa, que sempre prezava pelo bem dos alunos, mesmo em situações que a deixavam muito chateada. “Um dia chegou a hora do recreio, então olhei para o pátio e ele estava cheio de lixo jogado pelos alunos. Então, decidi bater um pouco antes o sinal e falei para que todos os alunos ajudassem a recolher o lixo no pátio. Fiz isso pois a escola deve dar exemplo, tem hora para brincar e hora de seriedade”, ressalta.
Amor pela Profissão
Para Magda, o momento de maior felicidade em seu trabalho era ver alunos que tinham dificuldades fazendo as atividades e se esforçando para aprender. “O que mais me deixava feliz era ver aquele aluno que tinha apenas um pequeno caderno, um lápis e uma borracha conseguindo produzir. Mesmo tendo poucas condições, ele fazia os trabalhos e temas”, ressalta a professora, que ainda destaca o processo de aprendizagem de alunos deficientes, pelos quais sempre teve um grande carinho e se sentia orgulhosa com as suas pequenas conquistas na educação.
Realizada pela sua trajetória, Magda afirma que na vida não teria seguido outra profissão. “Estudar para mim é tudo, pois até hoje eu continuo estudando. Todo dia eu aprendo alguma coisa. Gostaria que todo mundo tivesse isso na cabeça, que não importa a idade, a gente aprende todo dia alguma coisa. Eu sou uma pessoa curiosa. Enquanto minha cabeça funcionar, eu quero continuar a aprender”, destaca a docente, que não se considera uma ex-professora, mesmo estando aposentada.
Muito mais do que uma profissão, o orgulho em poder participar da vida de tantos vera-cruzenses faz o coração bater mais forte e os olhos de Magda transbordarem de alegria. Hoje, as lembranças dos bons momentos permeiam a mente da professora, que afirma ser muito grata por tudo que Vera Cruz lhe proporcionou. “Hoje eu sou vera-cruzense. Aqui é a minha cidade, minha casa. Gosto de morar aqui, eu respeito as pessoas e sou respeitada. Eu tenho muito orgulho de ser professora. Digo até hoje que sou professora, mesmo aposentada. Eu sei que ajudei muita gente, fico feliz quando vejo alunos que progrediram na vida e conquistaram grande parte de seus sonhos”, finaliza Magda, que fez história na vida de muitas pequenas crianças vera-cruzenses.
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