Colunista

Daniel Cruz

Fazer ComPaixão

COLUNA

Nunca comece pelo título

Publicado em: 03 de janeiro de 2025 às 12:00
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Você já pensou em como seria o livro da sua vida? Quais histórias virariam capítulos e quais personagens teriam destaque? Aproveite o início do novo ano para planejar o capítulo 2025.

Então estamos em 2025. Sobrevivemos à virada quando muitos choraram, outros sorriram, muitos abraços, muitas confusões, sujeiras nas praias, gente insistindo em soltar fogos que agridem os animais e muitos, mas muitos, imagino, “entrando na garrafa” e acordando no dia primeiro com aquela dor de cabeça.

Começamos um novo capítulo do livro chamado vida que para alguns talvez seja o último, para outros seja o da metade e há também aqueles que estão no primeiro, na primeira página. O lance é que cada um de nós tem uma história para contar e um legado a deixar.

Fiquei pensando onde eu estaria no meu livro, qual seria o momento que estaria começando a escrever mas, acima de tudo, fiquei refletindo qual seria a história que eu venho contando para mim, primeiramente, e se, quando minha história estivesse pronta, eu compraria o meu livro…kkkk….?

Seria meu livro da vida um best -seller, será que minha história de vida chegaria ao ponto de impactar a vida de milhares de pessoas, quem sabe virar o enredo de um filme ou até mesmo uma minissérie?

Confesso que uma onda de risadas me invadiu pensando isso, pois a gente sonha alto nestas horas. Imaginei estar passeando no aeroporto e meu livro estar na vitrine da livraria e, quando na poltrona do avião, o passageiro ao lado estar atento à leitura, inclusive com aquelas canetas marca texto em mãos, ávido a fazer os apontamentos que poderiam ajudar o seu dia e a sua vida a serem melhores.

Talvez aí resida o sentido de tudo, ou seja, que a minha vida, em me fazendo sentido, sirva de inspiração à vida dos outros. Entretanto, é importante lembrar que esse não deve ser o objetivo e sim a consequência, caso contrário corremos o risco de viver pensando nos outros e esqueceremos de nós mesmos.

O tempo já não mais corre e sim voa. A pressa que antes era apenas a inimiga da perfeição agora nos leva a fotos, publicações em redes sociais, sem falar dos vídeos, na ideia de que é preciso contar o capítulo do livro vida em tempo real e, principalmente, receber as aprovações e ou condenações da história contada.

A vida das pessoas está mais para um programa de televisão ao vivo em rede nacional do que um livro. É triste, mas na minha humilde percepção é a realidade e o grande motivo para uma série de doenças e ou frustrações emocionais. Tudo, da maneira como tem acontecido, tem levado as pessoas a mudarem sua história a tal ponto de, no final do livro, terem dúvidas se valeu a pena ou não e se aquela história lhe inspiraria ou não.

Saudades da época em que, ao viajar, o grande momento era a revelação das fotos na volta. Além da expectativa de “ganharmos duas poses” na revelação tínhamos o convívio na medida que fazíamos geralmente um jantar para contemplar as fotos, relembrar os momentos e depois fazer o álbum, em ordem cronológica, com as devidas anotações (ano, data,…)

A vida com certeza é feita de registros e quando os mesmos ficam salvos no coração, com certeza conseguimos acessar rapidamente, ao passo que quando estão na “nuvem”, nem sempre. É preciso fazer mais downloads no coração e menos na nuvem caso a gente queira ser uma história legal, carregada de amor, paz, empatia,  compaixão e, acima de tudo, inspiradora a ponto de fazer o mundo melhor.

Aproveite o dia de hoje para planejar o seu capítulo de 2025, todo mundo fala que é preciso planejamento e aí está a oportunidade. Falta-lhe inspiração? Pegue álbuns de fotografias e olhe o que você e sua família já viveram, momentos bons e ruins, aprendizados, emoções despertadas e por aí vai. Não fique triste pois verás que algumas pessoas que ali estarão já escreveram o seu livro e estão em outro plano; contudo, olhe, analise, inspire-se, respire e mãos à obra.

O mundo precisará conhecer o livro da sua história, dos seus erros e dos seus acertos. Não tenha pressa em terminá-lo e se me permites uma dica, eu diria: nunca comece pelo título. Primeiro viva intensamente conforme seu coração guia, depois registre e por último pense no título, ele é consequência. Não corra o risco de escrever um história que não seja a sua pelo simples fato de terem lhe dado um título, é você quem determina o rumo da sua história.