O Grêmio apostou no reencontro com opara Rio Grande vencer. E o Inter, que insiste em deixar pontos pelo caminho, se desencontrou
Uma seleção que busca identidade. A bola está rolando na Copa América dos Estados Unidos e a Seleção Brasileira tem sua primeira competição oficial sob o comando do técnico Dorival Júnior. Em dois jogos, um empate frustrante contra a frágil Costa Rica, uma vitória consistente e com bom placar contra o Paraguai. Ainda assim é um time que busca uma formação, um jeito de jogar e uma identidade. E, a partir daí, busca reconquistar a ligação afetiva com o torcedor brasileiro, ainda distante, descrente e pouco envolvido com esta Seleção. Aliás, é uma geração que tem algumas dificuldades em todos os setores. Na defesa, as laterais ainda estão sem dono, não se pode dizer que algum dos testados tenha tomado conta do lugar e dado a segurança que se espera. No meio campo, talvez estejam concentrados os maiores pontos de interrogação. Há razoáveis coadjuvantes, jogadores de boa qualidade e bom nível. Mas falta o dono do setor, o diferencial técnico, o centralizador da responsabilidade e da capacidade de decisão. E se no ataque há bom leque de opções, o time ainda se ressente de um camisa 9 afirmado. É muito possível que ali na frente este jogador seja o Endrick. Mas ele ainda está num processo de maturação. O fato é que se trata de uma seleção que busca o reencontro consigo mesmo e com sua torcida.
Vitória na volta para casa. O Grêmio, assustado, na zona de rebaixamento e na vice lanterna do Brasileirão, foi ao Centenário em Caxias do Sul, a casa que passou a adotar a partir do último domingo, para enfrentar o único adversário, entre os 20 participantes do campeonato, em pior situação. O Fluminense é lanterna do campeonato, vinha de 6 derrotas consecutivas e sem técnico. Vencer, justamente no jogo que marcava a volta pra casa ou ao menos para o estado, era uma obrigação inadiável. E o Grêmio, ainda que sem brilho e sem uma atuação de encher os olhos, fez o que precisava. Venceu e trouxe algum alívio para a sequência.
Um time diferente. Era consenso que o Renato precisava mudar o time, tentar algo novo. E ele mudou. Mandou a campo um time com Geromel e Rodrigo Ely na zaga, com um meio-campo encorpado pelo Dodi e o Pepê, mais o Edenilson e o Cristaldo, adiantado. Como atacantes de ofício, só o Pavon e o Gustavo Nunes. Uma formação diferente, com nova disposição dos jogadores em campo e enfim o abandono do 4-2-3-1. Não foi uma partida de luxo ou uma exibição vistosa. Aliás, a falta de um atacante de referência criou problemas na tomada da última decisão ou na definição das jogadas. Sem contar o fator psicológico, o Grêmio foi um time claramente pesado, pressionado e sem confiança. Ainda assim o Grêmio foi melhor o tempo todo, teve controle da partida, não sofreu, conseguiu chegar ao gol adversário e ainda que não tenha tido tantas chances claras, venceu com gol do Gustavo Nunes. Vitória que dá alívio e confiança para a retomada. Ainda no Z4. Mas com novo ânimo.
Desencontro com a prioridade. No Inter, o Coudet também mexeu no time. Mas por ausências importantes em todos os setores e que o deixaram, por exemplo, sem centroavante e precisando recorrer ao Lucca Drumond, guri da base, que fez sua estreia. Sem o Wesley, principal jogador do time no momento e suspenso, uma trinca de volantes para darem sustentação a um ataque que ainda teve o Alan Patrick e o Wanderson. O Primeiro tempo foi bom. O Inter controlou bem o adversário e chegou à frente com algum perigo. Saiu na frente na metade do segundo tempo com o Bruno Henrique, reeditando a tônica dos últimos jogos: um time que prima pelo futebol de resultado, efetivo e organizado. Mas a exemplo também das últimas partidas, no segundo tempo, depois de estar na frente do marcador, o técnico colorado mexeu no time e acabou levando o time para trás, para o seu campo, para marcar atrás da linha da bola. Perdeu referência e retenção de bola na frente e trouxe o adversário para o seu campo. O empate acabou sendo questão de tempo. Dois pontos ficaram pelo caminho, o time não saiu do meio da tabela e ao final, na entrevista coletiva, o Eduardo Coudet cogitou deixar o Brasileiro em segundo plano, para focar nas copas. Muito cedo e muito diferente do que a direção defendeu no início da temporada.
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