APREENSÃO

Enchente em Rio Pardo ainda deixa marcas: “não consigo mais ficar aqui”

Publicado em: 01 de maio de 2025 às 07:00 Atualizado em: 01 de maio de 2025 às 07:29
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • FOTO: MARIANA SCHNEIDER/GRUPO ARAUTO
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    Moradora da Avenida Perimetral destaca as marcas deixadas pelo evento climático extremo

    Passado um ano das enchentes históricas que devastaram o Rio Grande do Sul, as cicatrizes ainda seguem abertas em Rio Pardo. Mais do que os prejuízos materiais, o que permanece em muitas famílias é o medo.

    É o caso de Ana Lúcia Garcia Rosa, de 55 anos. Moradora da Avenida Perimetral, próximo à Praia dos Ingazeiros, ela viu a vida virar de cabeça para baixo quando a casa onde vivia com o marido foi completamente tomada pelas águas do Rio Jacuí. Desde então, o sentimento de insegurança não a deixou mais. A solução encontrada pelo casal foi começar do zero em outro lugar, longe da área de risco.

    “Foi horrível. Quando a gente acordou e olhou para o rio, viu os barcos em cima da água indo pra tudo que é lado, bateu o desespero. Nunca tínhamos visto nada assim. Comecei a arrumar as coisas, encaixotar o que dava. Conseguimos salvar o que foi possível, mas perdemos quase tudo. O mais importante a gente salvou, que é a vida. Mas a água cobriu tudo dentro de casa. Saímos às pressas, não deu tempo de tirar muita coisa. Foi muito triste”, relembra Ana Lúcia.

    Mesmo com o retorno para a casa antiga depois da enchente, o medo de uma nova cheia é constante. “A gente não se recuperou ainda. Não temos quase nada dentro de casa. Não conseguimos comprar as coisas de novo. E não tem como dormir tranquila. Não consigo mais ficar aqui. A gente se criou aqui na Praia dos Ingazeiros, mas agora não dá mais”, desabafa.

    Pela sensação de insegurança e pelo medo com uma possível nova enchente, a família decidiu construir uma nova casa em outro local, distante da beira do rio. A obra avança aos poucos, dentro das possibilidades financeiras da família. O Rio Jacuí, que sempre fez parte da rotina da família, como lazer ou fonte de renda, agora inspira medo. Filha de pescador, Ana Lúcia cresceu vendo o pai e outros familiares tirarem do rio o sustento da casa. “A gente está lutando, com dificuldade, mas devagarinho vamos colocar as coisas no lugar”, acredita.

    Ficou interessado e quer saber mais? Esse é apenas um dos tópicos abordados no podcast do Grupo Arauto sobre o primeiro ano das enchentes em Rio Pardo. Ouça o material na íntegra: