RECONSTRUÇÃO

Coordenador da Defesa Civil de Rio Pardo defende investimentos para enfrentar novas enchentes

Publicado em: 01 de maio de 2025 às 07:00 Atualizado em: 01 de maio de 2025 às 07:29
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • FOTO: MARIANA SCHNEIDER/GRUPO ARAUTO
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    Para o profissional, ações necessárias serão longas em virtude dos impactos no município

    Um ano depois da maior enchente já registrada em Rio Pardo, os desafios ainda são muitos e os aprendizados também. Com 26,9% do território tomado pela água, o município foi um dos mais atingidos da região. Dos 2.051 quilômetros quadrados de área total, 552 ficaram alagados. Além disso, uma em cada quatro pessoas foi diretamente afetada pelas cheias.

    Para o coordenador da Defesa Civil de Rio Pardo, Dimas Gotardo, a experiência vivida entre abril e maio de 2024 precisa ser levada a sério e transformada em ações concretas. “Cada enchente é diferente, cada ocorrência é um aprendizado. O que não podemos é deixar esses ensinamentos para trás”, destaca.

    O profissional, que tem formação de bombeiro e atuou por 32 anos na corporação antes de se aposentar, lembra que o trabalho preventivo foi essencial para evitar o pior. “Quando vimos o que estava acontecendo em Candelária e Santa Cruz, sabíamos que era questão de tempo até a água chegar aqui. Recebemos informações de que o rio estava subindo 80 centímetros por hora. Era muita água vindo”, relata.

    Equipes da Defesa Civil, com o apoio da Prefeitura, percorreram o interior do município alertando moradores sobre o perigo e orientando a saída das áreas de risco. “Tivemos prejuízos, a cidade foi devastada, mas não tivemos mortes. Isso é um troféu para o povo de Rio Pardo”, avalia.

    O coordenador reconhece que a reconstrução será longa e que as marcas da enchente ainda vão durar anos. No entanto, reforça que o município precisa estar preparado para o que pode vir pela frente. “Sabemos que novas enchentes vão acontecer. Não podemos ser pegos de surpresa novamente. Estamos trabalhando com o governo do Estado em projetos que vão nos ajudar a preparar melhor o terreno da cidade”, afirma.

    Entre as ações em andamento estão o desassoreamento dos rios, recuperação de áreas degradadas e investimentos em infraestrutura e treinamentos. “A enchente arrancou muita mata ciliar, isso agrava ainda mais o problema. Tudo isso precisa ser recuperado”, alerta. Ele também destaca que a população tem papel importante na prevenção. “Estamos evoluindo, aprendendo com os erros do passado. Mas é preciso que as pessoas entendam que todos têm responsabilidade: cuidar do meio ambiente, respeitar as orientações, não descartar lixo em locais inadequados. Tudo isso faz diferença”, reforça.

    Um dos momentos mais marcantes do trabalho da Defesa Civil de Rio Pardo durante a enchente foi o resgate aéreo de um paciente em estado gravíssimo. Com as rodovias bloqueadas pela água, a única saída foi pelo ar.

    “O pessoal do Hospital Regional nos ligou, pedindo ajuda urgente para transferir um paciente para Santa Maria. Conseguimos contato com o gabinete do vice-governador, que articulou a vinda de um helicóptero do Exército. Em uma hora e meia, ele pousou no estádio municipal. Montamos uma logística para levar o paciente do hospital até lá. Graças a esse esforço conjunto, a vida dele foi salva. Quando envolve vidas, tudo ganha um peso ainda maior”, relembra.

    Ficou interessado e quer saber mais? Esse é apenas um dos tópicos abordados no podcast do Grupo Arauto sobre o primeiro ano das enchentes em Rio Pardo. Ouça o material na íntegra: