José Scorsatto participou da inauguração oficial da nova agência do Sine em Santa Cruz
Na passagem pelo Vale do Rio Pardo, o diretor-presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) falou sobre uma dificuldade que vem sendo relatada por alguns empresários da região para contratação de mão de obra. José Scorsatto conversou com a reportagem da Arauto News 89,9 FM antes da inauguração da nova sede da do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em Santa Cruz do Sul. Desde a semana passada, os serviços são oferecidos na Rua 7 de Setembro, 534.
Um dos fatores apontados para explicar a escassez de trabalhadores formais é o impacto do Bolsa Família. Ele destacou que, embora o índice de desemprego esteja em níveis historicamente baixos, a menor taxa dos últimos 12 anos, muitas pessoas ainda se mantêm no mercado informal ou no auxílio assistencial. “É um tema que estamos enfrentando com os gestores públicos. Recentemente, no Vale do Taquari, observamos uma queda significativa no número de beneficiários, fruto de um trabalho de convencimento junto às pessoas”, explicou o diretor-presidente da FGTAS.
Para José Scorsatto, o programa é fundamental para erradicação da extrema pobreza, mas não pode se perpetuar por longos períodos. “Deve ser uma ferramenta temporária, destinada a tirar as pessoas da miséria. Não pode, no meu olhar, José Scorsatto, não do governo de Estado Grande do Sul, permitir que alguém permaneça por 10 ou 15 anos dependendo desse programa assistencial. Precisamos garantir que essas pessoas tenham acesso ao mercado de trabalho. É preciso que, ao ingressarem no mercado de trabalho, essas pessoas tenham apoio, como creches para os filhos, por exemplo”, afirmou.
O diretor-presidente da FGTAS também comentou sobre o aumento das oportunidades de emprego no mercado informal, especialmente para os jovens. De acordo com ele, hoje há o maior número de jovens entre 18 e 24 anos no mercado de trabalho dos últimos 12 anos. No entendimento do gestor, a geração mais jovem tem buscado alternativas no mercado de trabalho, com uma preferência crescente pelo trabalho informal, como os empregos via aplicativos. “O jovem de hoje não sonha com aposentadoria, como eu sonhava aos 14 anos. Ele opta por ganhar mais no mercado informal, o que muitas vezes não ocorre na CLT”, analisou.
Na avaliação de Scorsatto, diante da dificuldade de contratação, muitas empresas têm buscado migrantes como solução, principalmente no setor industrial. Ele mencionou o aumento da presença de migrantes, especialmente venezuelanos, haitianos, uruguaios e argentinos, no mercado de trabalho gaúcho. “Atualmente, quase 50% dos migrantes são venezuelanos. Esse movimento tem sido uma solução importante para a indústria, que tem enfrentado dificuldades na contratação de mão de obra local”, explicou. Para lidar com esses desafios e compreender as transformações no mercado de trabalho e as mudanças nas legislações trabalhistas, o gestor destacou que está sendo criado um grupo de pesquisa. Essa iniciativa deve ser formalizada em abril.
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