Polícia

“Eu só queria achar a minha filha”, diz pai de Francine

Publicado em: 17 de agosto de 2018 às 06:29 Atualizado em: 20 de fevereiro de 2024 às 11:45
  • Por
    Guilherme da Silveira Bica
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: Jornal Arauto
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    Nas fotos que Runer guarda, lembranças de momentos felizes passados juntos

    O 12 de agosto de 2018 tinha tudo para ser mais um dia de risadas, de alegrias, de família reunida. E foi. Mas até as 15 horas. Francine Rocha Ribeiro e a irmã gêmea, Franciele, almoçaram com o pai, Runer, na localidade de Rincão da Serra. Brincaram, se divertiram. Francine curtia uma caminhada no Lago Dourado, em Santa Cruz. No domingo, decidiu percorrer mais uma vez os quase seis quilômetros. Despediu-se do pai, passou na casa da mãe, que mora no bairro Bom Jesus, trocou de roupa e foi até o complexo turístico. O noivo, Lucas Lima, foi quem a levou. Ele decidiu não caminhar. Então, depois de alguns alongamentos, junto ao deck, Francine deu início ao percurso que não chegou a ser concluído. A violência a atacou no trajeto. A jovem, de 24 anos, foi espancada, estrangulada e, possivelmente, abusada sexualmente.

    Estranhando a demora da filha em retornar para casa, a mãe Eronilda resolveu avisar a família. Começava, naquele momento, a busca por Francine. Dezenas de pessoas se envolveram. Acessaram o Lago Dourado, desbravaram a mata, procuraram canto por canto. O pai estava junto. “Eu só queria achar a minha filha, viva ou morta”, conta Runer. Com medo das ratoeiras armadas para a captura de ratões, o pai foi com um pedaço de pau abrindo caminho. O serviço militar, prestado quando jovem, o ajudou na empreitada. “Repetia pra mim: ‘se ela estiver dentro desse mato, eu vou achá-la’”.

    O desejo de Runer e daqueles que se dividiram para procurar a vera-cruzense era trazê-la viva. “Cine, tá escutando o pai? Tu tá amarrada, amordaçada? Bate o pé! O pai vai te buscar”, repetia. Mas não deu. O pai foi um dos primeiros a encontrar o corpo, na manhã de segunda-feira, pouco antes das 10 horas. “A cena não sai da minha cabeça”, diz. “Ela estava amarrada, com os braços abertos. Doeu muito ver aquilo tudo”, recorda Runer, servidor público há mais de 20 anos. O que mais machuca o pai foi a forma cruel com que a jovem foi assassinada. “Por quê?” questiona ele. “Ela não tinha inimizade, adorava ajudar todo mundo. Era exemplo, estudiosa”, lembra, pedindo por justiça, pela elucidação do caso.

    UM VAZIO
    A estante da casa de Runer guarda as lembranças. Fotos e mais fotos da jovem, sempre sorridente. Aliás, assim era Francine. Atendente de uma loja de artigos infantis de Vera Cruz, estava sempre disposta. “Nos tempos de escola, também”, lembra o pai. “Ela era muito prestativa, queria ajudar os outros”, diz. A ausência da filha é latente, frisa Runer. E a saudade deve apertar mais a cada dia. “É um sentimento de vazio”, emociona-se. “Enterrar uma filha, de morte natural, já é difícil. Imagina enterrar uma que sofreu, que apanhou, e muito”, reflete Runer, que acrescenta não ter “caído a ficha” da partida da filha. 

    A matéria completa está na edição do Jornal Arauto desta sexta-feira.