Região já registrou cinco mortes e profissionais indicam cuidados na hora de se banhar
Ondas de calor, período de férias e a chegada da estação mais quente do ano acendem o alerta para casos de afogamentos. Desde o início da Operação Verão, coordenada pelo Governo do Estado, o Rio Grande do Sul já registrou 36 mortes por afogamento. No Vale do Rio Pardo foram registrados cinco casos, ocorridos em Santa Cruz do Sul e Candelária e que vitimaram homens de 22, 18 , 51 e 57 anos, além de um adolescente de 13 anos.
De todos os casos de afogamentos com morte registrados no Estado neste verão, apenas um ocorreu no mar, no Litoral Norte. Isso porque, ao contrário do que as pessoas pensam, a maioria dos afogamentos não ocorre em praias, mas na água doce. O motivo é que, geralmente, nesses lugares não há a presença de salva-vidas ou pessoas qualificadas para prestar socorro, enquanto nas praias há um movimento de profissionais a postos para atender possíveis emergências.
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A estimativa é que 70% dos casos ocorram em rios, lagos e represas. O mar costuma assustar por causa das ondas, já os rios podem ser mais fundos do que aparentam e ter um correnteza forte. Outro risco se dá quando pessoas que não são qualificadas tentam ajudar alguém se afogando, e acabam morrendo junto e dobrando o número de vítimas. O ideal é ajudar sem entrar na água, chamando socorro, ou tentando alcançar um material de flutuação à pessoa até a chegada do socorro.
Balneários com guarda-vidas
As orientações são importantes para aproveitar o verão com segurança. “As principais causas de afogamento são imprudência, falta de conhecimento dos locais e a falta de condicionamento físico”, explica o comandante do Pelotão de Bombeiros de Santa Cruz do Sul, tenente Angelo Barros.
Conforme ele, é comum nesta época que a população procure o litoral e os balneários de água doce para se banhar em rios, lagos, açudes e cascatas. No entanto, nesses locais pode haver armadilhas, como pedras, troncos, galhos e arames. “Jamais nade sozinho, sempre acompanhado, pois numa situação de emergência, poderá solicitar socorro e oferecer um objeto flutuante”, orienta.
“Mas lembre-se, jamais tente fazer o resgate, pois, se não tiver o conhecimento técnico profissional, poderá ser a próxima vítima”, alerta. Além de pedir ajuda, quem está fora da água pode tentar alcançar uma bola, estepe de veículo, corda ou galho para ajudar. “Com essas dicas simples, dá para aproveitar o verão e voltar em segurança para os seus lares”, declarou o tenente.
Os bombeiros orientam que as famílias procurem os locais onde há guarda-vidas disponíveis, e que se banhem sempre próximo às guaritas. A região possui cinco pontos com o serviço. Eles estão localizados em Vale Verde, no Balneário Monte Alegre; em Rio Pardo, na Praia dos Ingazeiros; em Santa Vitória e no Porto Ferreira, e em Cachoeira do Sul, na Praia Nova. O horário de atuação dos guarda-vidas nestes locais é de quarta-feira a domingo, das 9 horas às 12 horas e das 13h30min às 18h30min.
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Dicas para um verão seguro
- Evite se banhar em lugares que não conhece;
- Procure pontos com a presença de guarda-vidas. Além de salvamentos, eles averiguam e sinalizam com bandeiras se o local está apto para banho;
- Não entre com água acima da cintura e que impeça de observar o fundo da água;
- Não tente socorrer alguém se afogando caso não esteja capacitado. Nessa situação, chame um guarda-vida ou ligue 193 para os bombeiros;
- Não consuma bebida alcoólica ou faça refeições pesadas e entre logo na água. Pessoas sob efeito de álcool apresentam menor coordenação motora. Espere o momento mais adequado;
- Na piscina, certifique-se que ela tem uma grade de proteção. Evite deixar objetos flutuantes ou brinquedos que chamem a atenção das crianças;
- Evite usar boias e colchões infláveis que passam a falsa sensação de segurança, prefira sempre a utilização do colete salva-vidas. Em barcos, jet skis ou moto aquática o uso é obrigatório;
- Quando acompanhado de crianças, mantenha elas a um braço de distância, sob supervisão constante.
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Principal causa de morte de crianças de 1 a 4 anos no Brasil
A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) alerta que quatro crianças morrem afogadas diariamente no Brasil, sendo essa a principal causa de morte entre 1 e 4 anos de idade no país. No período do verão, entre os meses de dezembro e março, concentram 45% das ocorrências.
“Nesta faixa etária as crianças possuem a cabeça mais pesada que o corpo, e ainda não têm força suficiente para se levantarem sozinhas e nem mesmo capacidade de reagir rapidamente em uma situação de risco. Por isso, em caso de queda ou desequilíbrio elas podem se afogar em recipientes com apenas 2,5 cm de água”, alerta a médica Fabíola La Torre.
No geral, o afogamento ocorre pela asfixia decorrente da aspiração de líquido, que obstrui as vias aéreas, como traqueia e pulmões, levando à falta de oxigênio no sangue. Além do óbito, em casos de afogamentos há ainda um alto risco de sequelas neurológicas graves como diminuição da coordenação motora, convulsões, tetraplegia e até mesmo morte cerebral.
Afogamentos são evitáveis e a prevenção é sempre o melhor caminho. As recomendações são nunca deixar as crianças sozinhas dentro ou próximo da água, usar colete salva-vidas, ensinar os filhos a não correr, empurrar ou pular em outras crianças em piscinas, rios ou mar. Na casa também podem ser instaladas barreiras de acesso à água como cercas e capas.
Para evitar acidentes domésticos esvazie qualquer recipiente com água como baldes, bacias, banheiras e piscinas infantis e mantenha cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios trancados. Em caso de acidente, acione imediatamente um serviço de emergência como SAMU (192), ou Corpo de Bombeiros (193).
Mergulhos com cuidado para evitar traumas
Neste período os afogamentos se tornam uma preocupação, mas o risco de acidentes com lesões também deve ser levado em consideração. “Águas rasas, pedras, piscinas estreitas ou bordas escorregadias são riscos potenciais. Pular de trampolins ou pontos altos não deve ser feito por pessoas sem experiência com essa situação. Além disso, o impacto sobre a água pode provocar luxações, torções, fraturas e danos às articulações”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.
Brincadeiras nessa hora são extremamente perigosas. “É comum vermos pessoas se pendurando em cipós para se lançar no rio ou brincando de jogar amigos e familiares na piscina, e esses atos têm alta periculosidade, pois a pessoa pode bater contra uma pedra ou na quina da piscina e ter traumas diversos”, alerta o especialista. “Também não se deve saltar com cambalhotas, de costas ou de cabeça na água”, completa.
Um mergulho de cabeça pode ocasionar lesões na coluna. Se ocorrer uma interrupção parcial das conexões nervosas entre cérebro e membros, a pessoa pode ficar paraplégica, quando há perda da função muscular na metade inferior do corpo. “Se o trauma envolver a coluna cervical, a pessoa fica tetraplégica, perdendo os movimentos do pescoço para baixo”, explica o traumatologista.
As dicas de segurança do médico incluem verificar a profundidade das piscinas e jamais mergulhar de cabeça em locais desconhecidos ou de águas turvas, também evitar mergulhar com muita velocidade ou de lugares muito altos. Não correr para pular na piscina e evitar brincadeiras de empurrar amigos para a água.
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