Sentença aponta culpa do motorista no acidente que vitimou o jovem Pedro Mans

Mais de três anos se passaram desde que o jovem vera-cruzense Pedro Mans, de 20 anos, morreu após o acidente de trânsito na madrugada do dia 2 de agosto de 2020, na estrada geral de Vila Progresso, interior de Vera Cruz. No dia 30 de agosto de 2023, foi publicada a sentença do caso, que reconheceu a responsabilidade e a culpa e condenou o motorista envolvido na colisão que causou a morte de Pedro a 2 anos de detenção (substituída por prestação de serviços) e suspensão do direito de dirigir pelo mesmo prazo.

Para a família, a sentença traz dois sentimentos: se por um lado a pena é excessivamente branda por causa de uma legislação frágil e permissiva, por outro, o fato de ser reconhecido, depois de um processo tão longo, que o responsável e causador do acidente não foi o Pedro, que ele foi unicamente a vítima, traz algum conforto e alento. "Não vai trazer mais a vida dele de volta, só que a gente sempre ficava com aquela expectativa, que lá no início se falava até que o Pedro que tinha invadido a pista. Então agora, pelo menos, digamos que foi feito justiça, que comprovou que realmente o Pedro é inocente, não teve culpa nenhuma no acidente", desabafou Paulo Mans.

Também é preciso ressaltar que a condenação é, em boa medida, resultado de um trabalho policial muito bem feito e de um inquérito bem conduzido, que produziu provas de uma forma muito completa e muito correta e que permitiu ao Poder Judiciário ter uma compreensão melhor dos fatos e atribuir a culpa a quem ela tem, frisou o advogado Luciano Almeida, que atuou em nome da família Mans como assistente de acusação. Da sentença, cabe recurso.

Ainda no fim de novembro de 2022 ocorreu a audiência de instrução do processo que apura a responsabilidade do condutor do Fiat Punto que se envolveu no acidente que vitimou Pedro Mans. Naquela ocasião, o pai do jovem, Paulo Mans, lembrou que, quando foi acionado e chegou aolocal do acidente, um grupo de pessoas já acompanhava a movimentação e o filho estava sendo atendido. “Quando ele viu que era eu, ele me olhou nos olhos e disse ‘eu te amo, pai’. Foi a última coisa que ele me falou. A gente trouxe para hospital e teve que ser entubado”, destacou. 

Já em março deste ano, o réu foi ouvido. O condutor do veículo declarou na ocasião que ele e mais dois amigos vinham do centro de Vera Cruz, em direção a Vila Progresso, em um trajeto que fazia rotineiramente. No último aclive de acesso à localidade, contou que viu uma luz à frente, mas devido à claridade e por ser branca, julgou ser de um poste de iluminação. Segundo o réu, o percurso era feito do lado correto da pista com o carro, a menos de 60 quilômetros por hora, a velocidade máxima da via, quando Pedro, que teria vindo no meio da estrada já na faixa amarela, se chocou contra o veículo. Ele ainda conta que Pedro vinha em maior velocidade, já que o jovem estava percorrendo uma reta, e não uma subida. Após o acidente, o réu relatou ter saído às pressas do carro para encontrar a vítima, que estava a 15 metros do local da colisão. 

Relembre: a colisão frontal entre um carro, modelo Fiat Punto, e a moto da vítima, uma Honda CG Titan, aconteceu por volta das 05h30min. Pedro foi socorrido pelo Samu, encaminhado com fraturas para atendimento no Hospital Vera Cruz e mais tarde, transferido para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas. Mesmo após ter passado por procedimentos cirúrgicos, o jovem – muito envolvido na comunidade vera-cruzense, com destacada participação no CTG Candeeiro da amizade e na equipe de gincana Los Refugos – não resistiu.

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Paulo Mans se emociona ao lembrar das últimas palavras do filho: “eu te amo, pai”