Se em uma época do ano a estiagem traz prejuízos, em outra, o alto volume de precipitações também prejudica o campo
Há algumas safras, o tabaco tem sido assolado pela estiagem. A falta de chuva prejudica o crescimento, diminui o peso das folhas e, por consequência lógica, a produção e a renda do produtor rural. A escassez de água gerada pelo fenômeno La Niña trouxe primaveras e verões secos em todo o Sul do Brasil, especialmente em território gaúcho. Agora a situação se inverte, e o El Niño traz um problema justamente ao contrário da “irmã”: o excesso de precipitação.
Efeitos no tabaco
De acordo com o técnico agrícola Fábio Weber, o excesso de chuva tem um efeito negativo no tabaco. Dentre as consequências estão o apodrecimento das raízes, doenças fúngicas e perda de nutrientes do solo. “Isso acontece porque o tabaco é uma planta sensível e requer condições específicas de cultivo”, salienta Weber.
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Com a umidade excessiva, o fumo tende a ter o desenvolvimento afetado e resultar numa menor produção de folhas de qualidade. As várias espécies de tabaco sofrem igualmente. “Tanto o tabaco virgínia quanto o amarelinho podem ser afetados de maneira semelhante pelo excesso de chuva”, explicou Weber.
Outro fator que prejudica o tabaco nestas condições, conforme lembra o técnico, é a falta de luz solar adequada, temperaturas extremas, sejam altas ou baixas, os ventos fortes e a proliferação de pragas. “Todos estes fatores podem afetar negativamente o crescimento e a qualidade das plantas de tabaco.”
Uma das soluções apontadas por Weber é a melhoria no sistema de drenagem da água do solo para evitar o acúmulo nas plantações.
Previsão
De acordo com o agrometeorologista Marcelino Hoppe, o El Niño causa o superaquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que acarreta nas fortes chuvas que se presenciam no Rio Grande do Sul. O fenômeno é alimentado e se torna ainda mais intenso com as águas do Atlântico também aquecidas.
Outro ponto destacado por Hoppe é como, nos últimos anos, as estações tem se “invertido” no Rio Grande do Sul em relação à precipitação. Enquanto os invernos e outonos têm se tornado mais secos, as primaveras e os verões ficam mais úmidos. Esta situação se sustenta mesmo com as secas dos últimos anos. “É como se o centro-oeste descesse para o Rio Grande do Sul. Se na primavera costumava chover 421 milímetros, agora chove 524. A média do verão saltou de 361 para 402, do outono de 402 para 359 e de 420 milímetros no inverno para 392”, explica Hoppe.
O agrometeorologista ainda destaca como as chuvas se tornaram esparsas. Anteriormente, a variação volumétrica da estação menos chuvosa para a mais era de 60 milímetros. Hoje, esta diferença é de 165. “Outra questão é: dados mostravam que havia uma precipitação de 100 milímetros, um evento não comum, a cada 800 dias. Hoje elas ocorrem a cada 400. De 50 a 100 milímetros passou de 400 dias para uma a cada meio ano”, frisou.
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