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Santa Cruz tem a única atleta surda a atingir o grau mais alto do judô no estado

Publicado em: 06 de dezembro de 2022 às 11:13 Atualizado em: 04 de março de 2024 às 15:05
  • Por
    Nícolas da Silva
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Divulgação
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    Judoca do União Corinthians coleciona medalhas de diversas competições

    A judoca santa-cruzense Letícia Bauermann, de 25 anos, é a única atleta surda a atingir o grau mais alto do judô – faixa preta – no Rio Grande do Sul. Desce 2021 ela é atleta do União Corinthians através da parceria com a Escola de Judô Juliano Campos, que se fundiram para formar campeões e buscar voos mais altos para seus atletas.

    Letícia, que conheceu o esporte e começou a lutar pela influência de um médico, já conquistou diversas medalhas em vários torneios disputados. Ela destaca um dos momentos mais especiais, a participação em uma Olimpíada. "Foram muitas conquistas, diversas medalhas. A que eu considero mais importante foi a medalha de prata na categoria até 78 quilos e a de ouro no open (pesagem livre) na Surdolimpiada Nacional pela primeira vez. Outra importante foi a convocação para Surdolimpiada Mundial, que ocorreu em Caxias do Sul em 2021, e consegui um quinto lugar na categoria até 78 quilos. Não foi fácil chegar nessas conquistas, um dos meus sonhos era participar de uma Olimpíada", salienta a judoca. Ao todo, a santa-cruzense já soma 37 medalhas de ouro, 21 de prata e 12 de bronze.

    Sonho

    Em 2023, acontece o Mundial de Judô de Surdos na Polônia. No ano que vem também acontece mais uma edição da Surdolimpíada Nacional. Além disso, Letícia já mira a Surdolimpíada de 2025, a ser realizada em Tóquio, no Japão. "O trabalho é para estar bem preparada e saudável para essas competições. São muitos treinos e isso é muito importante pra mim. Queria muito poder trazer uma medalha de um campeonato mundial e estarei preparada para isso", revela a atleta.

    Falando em sonho, Letícia se tornou a primeira atleta surda do Rio Grande do Sul a atingir o grau mais alto do judô, a faixa preta. "Ser uma judoca faixa preta é um sonho realizado, de muita importância, tanto para mim quanto para o sensei Juliano Campos, meu treinador, que nunca desistiu de mim como atleta e como pessoa. Sempre com os puxões de orelha e ensinamentos. Tenho orgulho desse feito, da promoção como graduação Shodan (grau atribuído àqueles que logram grau de proficiência em artes marciais japonesas)", conta Letícia.

    Capacitismo é um problema

    O capacitismo é um tipo de opressão que retira das pessoas com deficiência (PcD) a sua capacidade e aptidão de realizar tarefas e alcançar a independência, em virtude de sua deficiência. Letícia trata o tema com naturalidade, mas revela situações que lhe incomodam até mesmo em competições com atletas ouvintes. "Já vi pessoas falando que surdos não seriam capazes de competir contra ouvintes. Eu competir contra ouvintes é algo super normal. A diferença está apenas na audição, as capacidades do meu corpo seguem normais. Às vezes ouço 'você nem parece surda' e isso me incomoda. Eu preciso mostrar ou falar que sou surda? Preciso do símbolo 'surdo' na minha cara? Isso é uma chatice", explica.