Criminosos faziam até parcelamento do pagamento da extorsão. Entenda
A ação que resultou na prisão de cinco mulheres e na preventiva de seis criminosos já presos na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva), também trouxe à Polícia Civil de Santa Cruz uma farta quantia de provas relacionadas a outros crimes de extorsão. Dentre eles, o Golpe dos Nudes. Em uma das celas da Galeria D da casa prisional que foi alvo dos mandados de busca, os agentes apreenderam um roteiro escrito manualmente em uma folha de caderno.
Nela estava detalhado todo o processo de como abordar e extorquir as vítimas através do golpe em questão que consiste no criminoso fingir ser uma adolescente e manter contato com homens para trocar fotos íntimas. Após, o estelionatário ameaça, com os nomes de falsos advogados e defensores públicos, acionar pais e a polícia para exigir dinheiro, com o objetivo de não expor a situação.
O roteiro apreendido traz todos os detalhes do crime e como se comunicar com a vítima. "Na investigação conseguimos identificar que os detentos faziam essa comunicação com as suas comparsas, explicando como era o golpe e até mesmo cometendo eles", explica o responsável pelas investigações, delegado Alessander Zucuni Garcia.
Parcelamento
Além do roteiro detalhado, os bandidos faziam até o parcelamento dos valores extorquidos. "Haviam casos em que eles alegavam que a adolescente ia precisar de tratamento psicológico e pra não expor o caso exigiam pagamento parcelado por supostas consultas com psicólogos, algo que nunca existiu, mas as vítimas acabavam pagando com medo dos casos virem à tona. Em uma situação foi pago R$ 200 por mês por um período de um ano", comenta o delegado.
Golpe roteirizado
Com a folha de caderno apreendida, a Polícia Civil acessou o modo que os criminosos agiam, de forma organizada, para enganar as vítimas. Enquanto numa lauda estava o roteiro da primeira parte, intitulada "explicação de tudo", a segunda foi registrada como "explicação do acordo amigável".
No texto, os estelionatários utilizam linguagem jurídica e citam temas de grande repercussão, como o pacote anticrime. "Pelo que eu vi nas conversas de vocês dois, o senhor cometeu dois crimes cibernéticos inafiançáveis dos artigos 241-B e 241-D do Estatuto da Criança e do Adolescendo, sendo assédio sexual e pedofilia infantil crimes que não têm fiança, conforme o pacote anticrime", escreveram. O bandido também apresenta um nome de advogado e um registro na OAB durante o diálogo.
Durante essa abordagem, o criminoso destaca que a família da vítima é de boa índole e evangélica e, por isso, quer um acordo amigável, pacífico e harmônico. "Se você se comprometer a pagar, ressarcir todos os danos materiais que foram causados dentro da residência da família e prometer que nunca mais vai procurar a criança e nem a família, eles fazem o acordo com o senhor. (…) A criança acabou surtando dentro da residência e quebrou o notebook, televisão e celular dos pais, tudo para acobertar as conversas trocadas entre vocês dois", destacaram.
Confira os roteiros dos criminosos:
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