Inquérito da maior operação da história de Vera Cruz está concluído e foi entregue ao Poder Judiciário
Cerca de mil páginas, dezenas de diligências, 43 horas de interceptações telefônicas, 20 traficantes indiciados e um verdadeiro desmonte na maior organização criminosa do Estado, com braços em Santa Cruz e Vera Cruz. Foi na tarde dessa quinta-feira, dia 14, após quase 10 meses do início da investigação, que a Polícia Civil de Vera Cruz concluiu o inquérito da Operação Cúpula, desencadeada no mês passado e que colocou na cadeia lideranças da facção “Os Manos”.
Dos indiciados, 18 seguem recolhidos em casas prisionais, sendo a maioria no Presídio Regional de Santa Cruz. Duas mulheres, pelo fato de serem mães de crianças de até 12 anos, estão cumprindo a prisão em casa, com o uso de tornozeleira eletrônica. De acordo com o delegado Paulo César Schirrmann, titular da Delegacia de Polícia de Vera Cruz, elas e todos os demais presos vão responder por organização criminosa, tráfico de drogas e associação ao tráfico. Ao serem interrogados, todos preferiram o silêncio. “Alguns trabalhos ainda ficam pendentes, como perícias que ainda temos que receber resultado e outras ações que vão ser realizadas graças a tudo o que a investigação apontou. O trabalho não para por aí, mas temos convicção de que essa organização criminosa, estruturada como era, foi desarticulada com as prisões. Foram várias escalas atingidas, da mais alta a mais baixa”, afirma.
ESTRUTURA DO TRÁFICO ERA COMO UMA EMPRESA
Operador financeiro, gerente, dentre outros “cargos”. Era com essas subdivisões que a quadrilha se organizava e girava mais de R$ 800 mil mensais com a venda de drogas no bairro Bom Jesus, em Santa Cruz. Entorpecentes também eram negociados com intermediários dos bairros Dona Carlota, Santa Vitória e Faxinal Menino Deus. Cabia ao líder e operador financeiro a função de trazer a droga e entregar aos gerentes dos respectivos pontos de venda. Ele também definia o preço. A maconha, por exemplo, custava R$ 2,2 mil o quilo. Aos gerentes, cabiam funções como distribuir as drogas aos vendedores e dar ordens para homicídios, muitas vezes relacionados a dividas por entorpecentes. “Era uma metodologia semelhante a de uma empresa que funcionava para traficar e matar”, conta o delegado.
MINI CELULAR
Um celular modelo Gtstar apreendido com um dos gerentes da organização criminosa em uma cela da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ) foi crucial para a polícia ter provas de como funcionava o esquema. Com as interceptações telefônicas desse aparelho, que tem o tamanho da tampa de uma caneta BIC, mas com um emaranhado de provas, foi possível chegar ao nome das lideranças, além de descobrir possíveis tentativas de homicídios. “Com a escuta das ligações desse celular, chegamos a todos os outros. Tinha dias que o traficante resolvia falar em códigos. ‘Dura’ era crack, ‘verde’ era maconha e ‘peixe’ era cocaína. Mas, muitas vezes falava nomes de pessoas, quem era pra matar. Enfim, uma vasta quantia em provas”, detalha. Essas provas, aliás, chegaram ao Poder Judiciário na tarde desta quinta-feira. Cabe ao órgão o andamento dos trabalhos.
RECONHECIMENTO AO INSPETOR
Durante entrevista, o delegado Paulo César Schirrmann destacou o trabalho de um dos seus inspetores. Foi para ele, que em maio de 2018, Schirrmann deu a orientação para que investigasse a então Conexão Paraná. Em um sala de aproximadamente 20 metros quadrados e ainda tendo que dar atenção a dezenas de outros procedimentos, o agente, de 39 anos, e que prefere manter o nome em sigilo, virou noites e finais de semana para concluir os trabalhos. “Ele merece todo o reconhecimento, se não fosse o trabalho e a dedicação desse policial, não teríamos tido o resultado” afirmou o delegado, que também fez referência ao apoio de agentes da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), de Santa Cruz.
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