Política

Interceptações do MP mostram como o dinheiro era falado no esquema

Publicado em: 05 de junho de 2019 às 21:23 Atualizado em: 21 de fevereiro de 2024 às 11:58
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Jacson Stülp/ Assessoria de Imprensa
    compartilhe essa matéria

    Vereador Paulinho Lersch foi preso preventivamente na noite desta quarta-feira

    Para que fosse feita a investigação envolvendo o vereador de Santa Cruz do Sul, Paulo Lersch (PT), o Ministério Público obteve autorização judicial para medidas de acompanhamento, captação ambiental e interceptações telefônicas e mandados de busca  e apreensão. Em função das provas coletadas, o vereador foi preso na noite desta quarta-feira (5) por crime de associação criminosa, coação no curso do processo e concussão (crime de vantagem indevida). Também foram imputados os crimes para o assessor parlamentar, Carlos Henrique Gomes da Silva, e a mãe do vereador, Nersi Ana Backes. Entenda o que aconteceu clicando aqui.

    Entre abril de 2018 e maio de 2019 foram feitas uma série de interceptações telefônicas. Os áudios não foram divulgados pelo Ministério Público, apenas os textos das conversas. Confira a seguir:

    DIA 5 DE ABRIL DE 2018

    A vítima, saindo de um banco, mantém conversa suspeita com Carlos Henrique, sendo que eles precisam "entregar um negócio", que dá a entender, pela pressa e pela ansiedade na voz da vítima, que ela tem consigo grande quantidade em dinheiro:

    Carlos: "Fala XXX!

    Vítima: "Oiii! Acabei de sair do banco, daí vamo logo lá entregar o negócio, de meio-dia?"

    Carlos: "Hum, hum. Pode ser."

    Vítima: "Beleza então."

    Carlos: "Quando tu chegar aqui tu me dá um toque, que daí eu desço."

    Vítima: Tá. Tá bom então."

    Carlos: "Valeu!"

    Vítima: "Tchau"

    27 DE ABRIL de 2018

    Após ir ao banco e depois encontrar-se com a vítima no carro, no estacionamento da Câmara, o assessor Carlos Henrique telefona para o vereador e diz que tem que lhe entregar o "material", manifestando que não quer ficar com ele por muito tempo, porque vai à Câmara e informa que conseguiu entrar no banco.

    Carlos: "Tu tá onde?

    Vereador: "Tô saindo de casa, agora"

    Carlos: "Não, é que eu tinha que te passar o material ne aí eu não queria "fic" com isso muito tempo, porque eu vou lá para a Câmara também"

    Vereador: "Então, então vem aqui, eu vou te esperar, então"

    Carlos: "Tá, eu consegui entrar no banco, agora"

    Vereador: "Ah, tá"

    Carlos: "Quando me liberar aqui, então, daí eu vou"

    Vereador: "Quanto tempo?"

    Carlos: "Olha, acho que uns quinze, vinte minutos"

    Vereador: "Hummm, tá, tá, eu espero aqui, vou fazer o quê, espero aí"

    Carlos: "Pois é, é que se eu ficar com isso, também"

    Vereador: "É pior, não adianta, nós não temos o que fazer, eu espero aqui então"

    4 DE MAIO DE 2018

    O vereador Paulo Henrique Lersch atende telefone de uma interlocutora que lhe pede para antecipar a pensão do XXX para aquele dia – explicando os motivos e informando que o valor é "uns novecentos e alguma coisa". Paulo então responde que pode pedir para o Carlos Henrique pegar alguma coisa no gabinete ou sacar do cheque especial do caixa eletrônico, acrescentando, em seguida, que vai sacar os mil e novecentos e vai deixar na sua mãe (Nersi), às duas horas, em espécie". Além disso, chama atenção a manifestação do vereador, em áudio, no mesmo dia, quando refere que foi descarregar um pouco o "money", que só arrecadou pela manhã e agora está indo em mais um lugar:

    Interlocutor: "Alô"

    Vereador: "Oi, amore"

    Interlocutor: "Oi"

    Vereador: "Eu vim aqui em casa descarregar um pouco, aqui"

    Interlocutor: "Tá muito carregado"

    Vereador: "Não, os "money", que eu só, só arrecadei hoje de manhã e agora tô indo lá em mais um lugar, aí eu vim, peguei a folha".