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Morre, aos 86 anos, o poeta Ferreira Gullar

Publicado em: 04 de dezembro de 2016 às 11:37 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 11:07
  • Por
    Luiza Adorna
  • Fonte
    Agência Brasil
  • Foto: Agência Brasil
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    O escritor estava internado no hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro

    O poeta, crítico e dramaturgo Ferreira Gullar morreu aos 86 anos. O escritor estava internado no hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. A causa da morte ainda não foi informada. Ferreira Gullar nasceu em São Luís, em 10 de setembro de 1930, com o nome de José Ribamar Ferreira. Participou do movimento da poesia concreta, sendo então um poeta extremamente inovador e ativo na cultura brasileira.

     "Se costuma dizer que a arte revela a realidade. Não é verdade; a arte inventa a realidade. E eu costumo dizer também que a arte existe porque a vida não basta. O homem está sempre querendo que a vida seja mais do que ela é."

    O poeta comparava a cidade onde nasceu a Macondo, cidade  fictícia do romance Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, onde tudo acontece depois. Dizia que as novidades demoravam a chegar em São Luiz e, por isso, quando começou a escrever, era como se estivesse no século passado.

    Em pouco tempo sentiu necessidade de se mudar. “Eu não aguentava mais ficar em Macondo e vim para o Rio de Janeiro. Tinha 21 anos de idade”. Na cidade, publicou, em 1954, o livro A Luta Corporal. “É um livro que termina com a desintegração da linguagem, quer dizer, nada mais contrário à arte concreta. Mesmo assim eu me interessava pela arte concreta”.

    Por ser comunista, Gullar enfrentou perseguição no período da ditadura no Brasil e acabou tendo que sair do país. Morou em Moscou, Santiago, Lima e Buenos Aires. Foi na capital argentina que escreveu o Poema Sujo. De acordo com o escritor, ao mostrar o poema ao amigo Vinícius de Moraes, ele pediu que o gravasse. E foi assim, com a voz de Gullar, que Poema Sujo chegou ao Brasil. Depois de algumas cópias, a obra foi publicada em 1976.

    “A minha vida nasce do espanto. Eu nunca planejei ser poeta ou fazer carreira literária. O que me apaixona eu vivo.”

     Em 2014, por quase unanimidade, a Academia Brasileira de Letras (ABL) imortalizou o poeta na cadeira 37, vaga com a morte do poeta e tradutor Ivan Junqueira.