Famílias desabrigadas foram cadastradas. Assistência social ofereceu serviços como banho e alimentação
Alguns moradores do prédio no Largo do Paissandu, que desabou nesta terça-feira (1) após um incêndio, decidiram passar a madrugada na rua em vez de ir para albergues oferecidos pela prefeitura. “A gente não quer ser esquecido pelo governo”, disse a vendedora ambulante Jéssica Matos, 20 anos, que sobreviveu ao incêndio do edifício. Ela passou a noite com a mãe e a irmã, deficiente mental, na calçada do largo.
“A noite foi fria. Acordei com a garganta doendo, estou um pouco rouca. Minha irmã, que é especial, ficou mal e foi com o pessoal de saúde. Aqui é a rua, né? Não tem nenhuma cobertura”, disse Jéssica. Ela acredita que se o grupo se separar em albergues será mais difícil uma resposta do governo. “A gente não quer albergue, a gente quer moradia. Tanto prédio por aí. Coloca a gente lá que a gente está precisando”.
A auxiliar de limpeza Marta da Cruz, 54 anos, também passou a noite na calçada do Largo Paissandu. “Morava lá há 7 anos, desde o começo. Não era bom morar lá, era medonho, mas era sobrevivência porque aluguel está muito caro aqui no centro”, disse. Ela morava com um gato que não conseguiu salvar do incêndio. “Era minha companhia. Ele fugia sempre que eu tentava pegar ele”, lamentou. Marta saiu do prédio em chamas apenas com a roupa do corpo e recebeu doações já na rua.
Os trabalhos do Corpo de Bombeiros continuaram pela madrugada com cerca de 100 homens. Hoje (2) pela manhã foi utilizada uma escavadeira para retirar os escombros, pois não há interferência na parte estrutural do prédio, tendo em vista que ainda estão sendo feitas buscas por desaparecidos.
A equipe de assistência social permanece no local para acolher os sobreviventes. Ontem foi feito o cadastro das famílias desabrigadas. Na manhã de hoje, foram oferecidos serviços como banho, atendimento médico e alimentação às pessoas que passaram a noite na praça.
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