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Vigilância Sanitária de Venâncio Aires aplica multa de R$ 2 mil a protetora por acúmulo de animais

Publicado em: 06 de maio de 2018 às 17:18 Atualizado em: 20 de fevereiro de 2024 às 09:16
  • Por
    Luiza Adorna
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Arquivo Pessoal
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    Apaixonada por cães, mulher mantém 26 deles em prédio residencial no centro da cidade

    Após diversas reclamações de vizinhos, a Vigilância Sanitária de Venâncio Aires multou uma protetora de animais que mantém, em um prédio residencial no centro da cidade, 26 cães resgatados por ela. Elizabete da Rosa Pereira, que atua como dentista na Capital do Chimarrão, relata que a paixão pela causa animal iniciou há anos, inspirada pela mãe que já resgatava gatos machucados pelo bairro. Com isso, ela lamenta que precise pagar multa por um trabalho voluntário.

    No prédio, que tem sete apartamentos, Elizabete mora em um e outro ela reservou para 12 cães de pequeno porte resgatados em situações de abandono e doentes. No galpão, construído pelo pai no fundo do pátio do prédio da família, há outros 12 animais. No pátio, mais dois. Os vizinhos procuraram a Prefeitura, segundo ela, diversas vezes. As intimações chegaram e, na semana passada, a multa de R$ 2 mil por acúmulo de animais. O pedido, de não pegar mais animais, foi acatado por Elizabete, mas ela salienta que não irá abandonar os cães que resgatou.

    Segundo ela, a maioria é idosa e possui algum tipo de deficiência ou doença, o que impede a adoção. Há um tempo, ela conseguiu doar um dos cães, mas um mês depois o trouxeram de volta, alegando forte cheiro. “Eu sei que quase todos os cães que resgatei não são desejados pelas pessoas. Ninguém quer cachorro sem olho ou sem pata”, lamenta. Elizabete alega que autorizou a Prefeitura a retirar os animais, desde que eles sejam levados para algum abrigo, local que ainda não existe na cidade.

    Palavra da Vigilância

    De acordo com o médico veterinário Everton Luís Notti, coordenador da Vigilância Sanitária de Venâncio Aires, a multa foi aplicada após visitas orientativas e penalidade de advertência aplicada no ano passado. “Eu considero louvável o serviço dela, mas os vizinhos pedem providência. Ela pode resgatar animais, mas o lugar é impróprio para a atividade de canil, salienta. De acordo com Notti, ela precisa retirar os animais do perímetro urbano e colocá-los em local adequado. Um processo administrativo foi aberto e ela ainda pode recorrer.

    O coordenador destaca que as principais reclamações são pelo barulho que os animais provocam. “Você pode ter quantos animais quiser, mas eles não podem prejudicar o sossego do vizinho”, diz. Além disso, já houve reclamações por conta do odor de urina. Elizabete salienta que já colocou piso no galpão e que os animais tomam banho toda quinta-feira.  De acordo com ela, há duas funcionárias que realizam a limpeza dos locais diariamente e quatro veterinários que acompanham os cães, realizando cirurgias necessárias, medicações, castrações e exames. O custo é todo pago por Elizabete.

    Um dos médicos veterinários que acompanham os animais de Elizabete é Lucas Lorenzon. De acordo com ele, nas vezes em que foi no local, observou um local favorável aos animais. "Não é o ideal, mas é melhor do que na rua. Todos são limpos, alimentados e vacinados. Ela faz o que pode, com o pouco apoio que tem", aponta.

    Saúde animal em Venâncio

    O coordenador da Vigilância Sanitária salienta que, embora não exista canil no município, o poder público trabalha em dois projetos de cuidado aos animais. “Para diminuir o número de cães de rua, está sendo elaborado um projeto de castração. Já há verba, só falta a parte burocrática”, conta. Segundo ele, ainda tem outro projeto que visa medicar os cães de moradores carentes, com o objetivo de mantê-los longe de pulgas, carrapatos, sarnas e vermes.