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Passo-sobradense vivencia de perto erupção do vulcão da Guatemala

Publicado em: 09 de junho de 2018 às 16:24 Atualizado em: 20 de fevereiro de 2024 às 10:35
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Divulgação
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    Saul Isaias da Rosa cumpre missão militar do país e assistiu tudo da sacada da própria casa

    Desde o último domingo (3), 110 pessoas morreram na Guatemala devido à erupção do Vulcão de Fogo. A erupção do domingo foi considerada a mais grave nos últimos 40 anos da Guatemala, país localizado na América Central e que tem 38 vulcões, estando quatro deles ativos. 

    Saul Isaias da Rosa, 34 anos, é natural de Passo do Sobrado, cidade vizinha de Santa Cruz do Sul, mas há um ano e sete meses mora com a família na capital do país, a Cidade da Guatemala. A capital se encontra a cerca de 27 Km do Vulcão de Fogo, o qual entrou em erupção. Da sacada de casa, ele pôde ver grande parte do que aconteceu e ainda consegue visualizar quatro vulcões: Pacaya (ativo), Água (inativo), Acatenango (inativo) e, Vulcão de Fogo (ativo).

    O motivo que o levou a morar no local é o trabalho, já que Saul é capitão de infantaria do exército brasileiro e cumpre, no local, missão militar. Além disso, é instrutor de guerra no Comando Superior de Educação do Exército da Guatemala.

    O QUE ELE VIU

    O passo-sobradense relata que, no domingo, o que ele pôde ver foi uma nuvem de cinzas muito mais alta do que o normal. "Como todo dia ele tem uma erupção, pensamos que era algo corriqueiro, mesmo a nuvem sendo mais escura e alta". Apenas ao receber via WhatsApp muitos vídeos da tragédia, que se deu conta da dimensão do estrago.

    O sentimento que tomou conta diante da erupção do vulcão foi de perplexidade e tristeza, até pelo fato da região ser turísitica. "Atrás do vulcão existe a cidade de Antígua, que foi a capital do país até 1776, quando foi destruída por terremotos. Hoje é o maior centro de estudos do idioma espanhol das Américas estando, assim, repleta de estrangeiros", comenta.

    Sobre os estragos, ele ressalta que ao redor de todos os vulcões existem povoados que residem nessas regiões. Muitos foram atingidos e estão completamente aterrados. O principal deles foi o povoado El Rodeo, que contava com quase 14 mil pessoas. "Existia também um resort de alto luxo de golf que foi dizimado pela erupção. O drama foi encontrar as pessoas literalmente petrificadas", lamenta.

    De acordo com ele, o principal problema não foi a lava do vulcão, mas a fumaça tóxica e quente que percorreu quilômetros de distância. Apenas as cinzas, por exemplo, chegam ao solo em uma temperatura de 700 graus Celsius, ou seja, encosta nas pessoas e é capaz de cauterizá-las de forma instantâneamente. "Nós, da família militar brasileira, fizemos algumas doações para tentar diminuir um pouco o sofrimentos das vítimas, doando comida e material de higiene", relata. 

    BUSCAS

    Até o momento, estão autorizados a entrar na região afetada pela erupção somente os bombeiros e militares nacionais. Pelo que tem vivenciado, Saul ressalta que uma das maiores dificuldades é identificar os corpos: "Pois, em sua maioria, eles se esfarelam ao encostar. Nosso sentimento é de perplexidade e solidariedade".

    Embora ele e a família não tenham sofrido diferetamente com tudo o que aconteceu, não nega que as cinzas infestam o ar que respiram e entram por toda casa. "Mas isso não merece reclamação, perto do que ocorre na região", reconhece. 

    EM NÚMEROS

    De acordo com o último boletim divulgado pela Coordenadoria Nacional para a Redução de Desastres (Conred), foram recuperados 110 corpos e há 57 pessoas feridas. Além disso, 197 habitantes continuam desaparecidos, 12.407 foram evacuados e 4.175 encontram-se em albergues. No total, 1.713.617 pessoas foram afetadas.
     

    OUTRA PREOCUPAÇÃO

    Segundo Saul Isaias da Rosa, outro vulcão, o Pacaya, também intensificou as erupções, mas o maior medo ainda são os terremotos. "Quase todo dia há terremotos aqui, mas como a estrutura da cidade já foi desenhada para suportá-los, quase não percebemos", complementa. Ainda acrescenta: "Porém, já passamos por três grandes terremotos ano passado, que nosso prédio balançava como se fosse um poste de borracha".