Plantio de eucaliptos foi a estratégia adotada pelo setor para a redução da pressão sobre áreas nativas
O agronegócio mostra que é possível ser sustentável enquanto gera riquezas e mantém-se como provedor de 23% do Produto Interno Bruto do país. Diversos exemplos de cuidado com o meio ambiente vêm do setor do tabaco, que tem resultados animadores em relação às iniciativas em favor do resgate do ecossistema. No total, há 60 projetos implementados pelas empresas associadas ao Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), especialmente voltadas a questões florestais, água e solo.
Ao todo, 133 mil propriedades produtoras de tabaco alcançam bons índices de cobertura florestal na região Sul do país. Segundo a pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPA/Ufrgs – 2023), nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a média de cobertura florestal das propriedades produtoras de tabaco é de 31,1%.
Entre as estratégias adotadas pelo setor para a preservação da mata nativa está o cultivo de exóticas, especialmente os eucaliptos, utilizados para suprir a demanda por lenha e madeira nas propriedades rurais. A engenheira agrônoma e assessora técnica do SindiTabaco, Fernanda Viana Bender, explica que essa prática contribui para a preservação da vegetação nativa. A pesquisa CEPA/Ufrgs revela também que, da média de florestas nas propriedades produtoras de tabaco, 19,8% são de mata nativa e 11,3% correspondem a florestas energéticas cultivadas pelos produtores.
O incentivo à produção de eucaliptos teve início na década de 1970, com o fomento para que cada produtor cultivasse a própria lenha para a cura do tabaco. “Com o passar dos anos, a prática se consolidou e trouxe ganhos ambientais e econômicos”, conta o presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing. “A madeira excedente destas florestas energéticas se tornou uma alternativa de renda extra para muitos produtores”, acrescenta.
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Sustentabilidade florestal
Além do tradicional incentivo ao plantio de eucaliptos, nos últimos anos, o setor vem investindo no projeto Ações pela Sustentabilidade Florestal na Cultura do Tabaco, realizado pelo SindiTabaco em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A iniciativa, conduzida pelo professor doutor Jorge Antônio de Farias, busca aprimorar o manejo de espécies de rápido crescimento a fim de garantir a qualidade da madeira e a sustentabilidade do cultivo. Segundo ele, é possível unir viabilidade econômica com responsabilidade ambiental e social.
Solo protegido: manutenção dos recursos naturais
O cultivo conservacionista é outra prática incentivada pelas indústrias do tabaco por meio do Sistema Integrado de Produção (SIPT) em favor da preservação dos recursos naturais. Atualmente, 74% dos produtores de tabaco aplicam técnicas como plantio em camalhões cobertos por palhada e cultivo mínimo, que têm grande importância na preservação do solo e da água.
Para potencializar os resultados, foi lançado em março de 2025 o Projeto Solo Protegido, conduzido pelo SindiTabaco e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A ação prevê o diagnóstico de propriedades que representam o setor produtivo do tabaco, a proposição de planos de intervenção contemplando as Boas Práticas Agrícolas (BPAs) e o monitoramento de indicadores-chave, visando a conservação ou a recuperação do solo.
A adoção de boas práticas agrícolas vai além da preservação ambiental e impacta diretamente o desempenho da lavoura. De acordo com Fernanda, o manejo adequado do solo favorece o aproveitamento dos nutrientes, aumentando as chances de as culturas atingirem seu potencial produtivo e gerarem melhores resultados financeiros. “Proteger e conservar o solo deve ser encarado como um investimento pelo produtor”, destaca.
Diversificação também contribui
O incentivo à diversificação de culturas sempre ocorreu alinhado com as premissas de preservação do solo e bom uso dos recursos naturais. Inicialmente chamado ‘Milho e Feijão após a colheita do tabaco’, o programa atua desde 1985. E em 2025, passou a se chamar ‘Tabaco é Agro: Diversificação das Propriedades’, incrementando o incentivo à rotação de culturas, à aplicação de boas práticas agrícolas, ao pastoreio de animais e ao plantio de espécies florestais.
“Isso fortalece o crescimento econômico sustentável, trazendo segurança alimentar e diversidade de renda”, destaca Valmor Thesing. A diversificação também reduz a proliferação de pragas, doenças e ervas daninhas na propriedade, reduzindo o uso de agrotóxicos e propiciando um solo mais saudável.
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