Embargos à carne de frango brasileira após caso de gripe aviária impactam exportações e mercado interno, aponta economista

A detecção de um foco de gripe aviária no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, provocou uma série de embargos à carne de frango brasileira por parte de diversos países importadores. A medida tem como objetivo evitar a disseminação do vírus para rebanhos estrangeiros.

De acordo com o economista Sílvio Arend, o Brasil é atualmente o maior exportador de carne de frango do mundo, com vendas que somaram cerca de 10 bilhões de dólares em 2024. A China, maior parceira comercial, foi a primeira a suspender temporariamente as importações por um período de 60 dias. Ele destaca que sem possibilidade de destinar esse volume à exportação, o produto deverá ser redirecionado ao mercado interno.

“Os exportadores, os frigoríficos não vão conseguir colocar isso no mercado. Esse produto vai ser desviado do exterior da exportação para o mercado interno. Então, normalmente, nesta situação em que vai aumentar a oferta do produto no mercado interno, deveria vir junto uma redução de preço“, afirma.

Além dos efeitos sobre os preços, os prejuízos aos produtores também são significativos. Um ciclo perdido, que tem aproximadamente 45 dias, pode representar perdas de até R$ 25 mil para granjas de médio porte. Segundo Arend, o controle rápido e eficaz do foco detectado é essencial para minimizar as perdas. Caso o surto permaneça restrito e as ações de contenção sejam bem-sucedidas, o Brasil poderá retomar seu status sanitário em cerca de 30 a 35 dias.

Apesar do impacto comercial, o economista aponta que não há risco à saúde humana no consumo da carne de frango afetada pelo embargo. “Não há questões de sanidade que sejam repassadas para os consumidores. A preocupação dos importadores é com a sanidade dos seus rebanhos, evitar a possibilidade de serem contaminados e expostos a uma transmissão do vírus internamente no país. A preocupação maior não é com a sanidade do produto em si e do consumo. O consumidor interno aqui pode ficar tranquilo, não vai haver problema em consumir o produto que vai deixar de ser exportado”, afirma.