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OUÇA: polêmica dos bebês reborn exige olhar atento à saúde mental, alerta psicóloga

Publicado em: 21 de maio de 2025 às 19:00
  • Por
    Emily Lara
  • Foto: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
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    Bonecos tratados como um bebê real tem dividido opiniões nas redes e levantado discussões

    A  repercussão dos “pais de bebês reborn” tem gerado debate nas redes sociais e despertado a atenção de profissionais da saúde. Os bonecos, feitos com realismo para se assemelharem a recém-nascidos, têm sido usados por algumas pessoas como apenas um hobby ou item de coleção, mas, para outros, esses produtos assumem um papel simbólico.

    A psicóloga perinatal Cássia Reckziegel avalia que o fenômeno precisa ser observado com cuidado, especialmente do ponto de vista da saúde mental. Segundo ela, há casos em que o vínculo com os bebês reborn é terapêutico, como mulheres que enfrentaram lutos gestacionais. Nesses contextos, o boneco pode funcionar como um recurso simbólico que ajuda a pessoa a atravessar o processo de dor e perda.

    “Ele pode ser um gesto silencioso de quem está tentando dar forma ao que não consegue, viver ou expressar o que lhe falta. Então, é preciso que a gente também consiga ter essa clareza e não generalizar”, afirma.

    Por outro lado, a profissional também destaca situações em que o envolvimento com os bonecos ultrapassa os limites do saudável, como quando há simulações de guarda legal ou cuidados que imitam completamente os de um bebê real. “Tem questões que perpassam da realidade, que levantam, para nós psicólogos, questões de saúde mental mesmo. É algo que a gente precisa ter um cuidado, que teremos que atuar de uma forma muito mais profunda e com um olhar muito mais clínico e crítico”, aponta

    Ainda de acordo com a psicóloga, com a exposição nas redes sociais o tema virou motivo de chacota, o que pode agravar o sofrimento de pessoas que já estão em um estado emocional fragilizado. Por isso, ela defende que o debate precisa ser conduzido com responsabilidade. “Falta esse olhar único para cada situação. A gente não pode colocar todo mundo no mesmo lugar, é muito delicado. Isso acaba gerando também um outro adoecimento para aquelas pessoas que, de repente, essa boneca possa estar auxiliando e colaborando  de alguma forma na sua vida”, salienta.

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