Com trechos congestionados e fluxo crescente, municípios analisam medidas para aliviar trânsito
Os últimos dias foram marcados pela formação de longas filas na ERS-409, a rodovia que liga os municípios de Santa Cruz do Sul e Vera Cruz e dá acesso ao Lago Dourado. Nos horários de pico, como no início da manhã e no final da tarde, já apresenta momentos de lentidão. Contudo, segundo os motoristas, o problema se intensificou por conta das obras de duplicação da RSC-287, que estão avançando para o trecho que liga as duas cidades, com momentos de paralisação para garantir a segurança das equipes e dos condutores durante as atividades.
Para as próximas semanas, a expectativa é que os problemas do trânsito, para quem precisa fazer o deslocamento entre a Capital das Gincanas e a Terra da Oktoberfest, aumentem. Pelo cronograma da Rota de Santa Maria, as ações de duplicação seguirão avançando na RSC-287 em direção ao território de Vera Cruz. Além disso, na rodovia que liga a RSC-287 à ERS-409, no trecho municipalizado da BR-471, deve receber obras antes da devolução da titularidade ao governo federal. Deve ser iniciada, em breve, a licitação do projeto técnico para que, depois disso, ocorra outro processo para escolher a empresa que será responsável pelas melhorias.
São dois projetos que ganharam destaque recentemente para tentar melhorar as condições de deslocamento – a duplicação da ERS-409 e a abertura de nova estrada. A última medição no local, feita há cerca de dois anos, apontou a circulação média de 13 mil veículos por dia. Segundo imagens por satélite, são aproximadamente seis quilômetros de distância entre o início das manchas urbanas e cerca de nove quilômetros até área central das duas cidades. Não existe uma aproximação maior devido ao relevo, tendo em vista que na faixa de divisa entre os dos municípios está o Rio Pardinho, área alagável.
Há cerca de dez anos, Adriano Emmel estudou, durante o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), as relações entre os dois territórios e essas movimentações. Ao analisar os dados, concluiu que os indicadores de pendularidade – deslocamentos diários de pessoas entre a residência e o local de trabalho, estudo ou outras atividades diárias, com retorno ao ponto de origem no mesmo dia – são muito significativos desde o início do século, principalmente para o município de Vera Cruz. Já Santa Cruz se caracteriza por ser o destino mais procurado na região.
Adriano também destacou que as atividades dos pendulares são predominantemente ligadas à indústria de transformação, com um grande grupo de empresas envolvidas na compra e beneficiamento do tabaco. Além disso, Santa Cruz se destaca pela sua infraestrutura de serviços de saúde, que atrai pessoas da região em busca de atendimento, tanto básico quanto de alta complexidade. Muitas pessoas que moram em cidades próximas dependem dos hospitais e centros médicos de Santa Cruz, que são mais bem equipados e oferecem uma gama de serviços que não estão disponíveis em suas localidades.
No entanto, a implementação das melhorias enfrenta alguns obstáculos. A ERS-409, a partir da ponte do Rio Pardinho até o entroncamento da BR-471, é de responsabilidade do governo estadual e precisaria ser municipalizada para garantir obras mais rápidas. Além disso, lideranças consideram que seria necessário um viaduto no trevo que dá acesso à rodovia e ao Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz, para evitar lentidão na BR-471, que serve como ligação entre a região central com o Distrito Industrial e os bairros da Zona Sul. O investimento em uma estrutura semelhante, no Bairro Arroio Grande, foi de R$ 12 milhões.
Outra possibilidade, divulgada mais recentemente, é a abertura de uma nova ligação entre a estrada da Linha Número 1, que vem sendo pavimentada, em Vera Cruz, e a região do Bairro Várzea, em Santa Cruz. Essa alternativa é considerada mais viável. Da mesma forma que a anterior, dependeria de uma parceria entre os dois municípios, mas não geraria problemas maiores durante as obras, como em uma possível duplicação da ERS-409, que causaria bloqueios. Seriam necessários investimentos nas ruas do Bairro Várzea, para preparar a área para o fluxo intenso, mas o trabalho é considerado menos complexo do que um viaduto.
A nova ligação viária, que promete melhorar o acesso na região, já está em fase inicial de estudos, com foco na captação de recursos para viabilizar a elaboração do projeto. Segundo informações repassadas à reportagem, o traçado inicial em análise prevê uma extensão aproximada de 1,5 quilômetro, com a necessidade de um aterro de dois metros de altura, cinco galerias e uma ponte com cerca de 400 metros. O prefeito Sérgio Moraes sugeriu uma alteração no traçado, que ainda será avaliada por técnicos. A Administração Municipal de Vera Cruz busca financiamento do governo estadual para custear essa etapa de planejamento.
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