Desafios de atrair e reter a mão de obra sazonal

Vilson Peiter

Gerente de Recursos Humanos da Alliance One Brasil

A atração e retenção de mão de obra sazonal têm se tornado uma questão central para diversas indústrias, especialmente no setor do tabaco, cuja produção nacional é majoritariamente concentrada na Região Sul do Brasil. Diante das mudanças no mercado de trabalho e das transformações sociais dos últimos anos, a indústria tem se mostrado comprometida em compreender esses desafios e buscar soluções eficazes para garantir a continuidade e o fortalecimento dessa força de trabalho essencial.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) aponta que seis em cada dez empresas no Brasil enfrentam dificuldades para contratar ou reter empregados, um reflexo das transformações do mercado pós-pandemia. No caso específico do tabaco, fatores como o absenteísmo – a ausência não programada de colaboradores – tornam o cenário ainda mais complexo, impactando diretamente o início do processamento na indústria.

As razões para essa dificuldade passam por questões logísticas, como o tempo de deslocamento. Essa condição representa um esforço significativo e pode influenciar diretamente na motivação e no comprometimento dos colaboradores.

Outro fator relevante é a escassez de mão de obra, reflexo da troca de gerações ao longo dos anos. No passado, era comum encontrar trabalhadores com mais de 30 safras de experiência. Com o passar dos anos, a reposição não ocorreu na mesma proporção. Além disso, as novas gerações têm uma visão diferente do trabalho, valorizando mais o propósito e equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional, como apontam estudos recentes sobre gestão de talentos.

Embora o cenário seja complexo, existem soluções que possam ser buscadas para atrair essa mão de obra imprescindível no meio, minimizando as dificuldades advindas com o absenteísmo. Na Alliance One Brasil, um de nossos diferenciais é oferecer bônus por assiduidade e indicação de novos candidatos, gratificação que é incorporada a uma série de outras vantagens, como plano de participação nos resultados, cesta básica no formato de vale-alimentação, refeições diferenciadas no restaurante industrial da empresa, transporte coletivo, uniformes, programa de apoio pessoal à saúde mental e diversas bonificações em dinheiro, como prêmios de boas-vindas e aos retornantes — quando o colaborador retorna para trabalhar na safra seguinte.

Em âmbito geral, nosso alicerce a fim de solucionar tudo que entra nessa equação é composto por quatro pontos principais: investimento em tecnologias (mais mecanização e robotização, com o propósito de trazer mais segurança e produtividade à cadeia), melhorias estruturais no ambiente de trabalho, ampliação de benefícios e planejamento estratégico.

Os desafios estão expostos, assim como as oportunidades. Mas apesar das dificuldades mencionadas, acredito que seja possível virar essa chave com muita inovação, garantindo que a indústria siga saudável e competitiva.