Colunista

Luciano Almeida

Bastidores do futebol

Um Gre-Nal injusto no resultado, mas fiel ao momento

Publicado em: 10 de fevereiro de 2025 às 11:05
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O primeiro Gre-Nal do ano foi fiel à realidade e ao momento que vivem os dois times. Um momento em que a superioridade de um é equilibrada pela disposição do outro

Às vezes um jogo de futebol pode ser fiel à realidade, leal aos fatos, justo com a verdade do campo e da bola. Não exatamente no resultado de um jogo. Mas pelo desempenho e pelo momento dos times. Veja-se, por exemplo, o clássico Gre-Nal 444, o primeiro de uma temporada que iniciou há cerca de um mês e que foi disputado neste sábado, na Arena. Terminou empatado em 1 a 1. Um empate e um resultado que não dizem exatamente o que foi o jogo, porque o Inter foi melhor, impôs uma superioridade clara em boa parte da partida.

Teve superioridade tática, uma concepção de jogo relativamente bem compreendida pelos jogadores e, portanto, razoavelmente bem executada. Teve alternativas na construção do jogo, ora com a bola circulando por dentro, pelo meio do campo, ora explorando os lados e as fragilidades defensivas do adversário. O Inter, que ainda não é aquele time que terminou a temporada passada e precisa avançar, dá claros sinais de que mantém um trabalho e uma ideia de jogo.

O Grêmio ainda procura isso. Empatou um jogo em que foi menos do que o adversário. Porque é, ainda, menos do que o adversário, mas faz mais do que fazia num passado recente. O Grêmio deste início de temporada começa a mostrar uma identidade de time, um jeito de jogar. Mas é uma ideia ainda recente, com pouco trabalho e pouca repetição. E que, portanto, ainda não é bem executada. Mais do que isso, há uma ideia central de jogo, mas há poucas alternativas diante das variações e das nuances do jogo. Já se vê um time atleticamente mais competitivo, taticamente melhor postado e com uma estratégia mais clara.

Um time que marca alto quando pode, que é objetivo no trato com a bola e que tenta chegar rápido nas cercanias do gol adversário. Mas em futebol, como na vida, boas intenções (ou boas ideias) nem sempre são suficientes. Este novo time do Grêmio, que se molda nas mãos do recém-chegado Gustavo Quinteros, ainda tem no campo os mesmos jogadores da temporada passada. Muitos deles insuficientes, pobres tecnicamente. Com o que não dá para fazer muito mais.

E aí está a fidelidade do Gre-Nal ao momento de ambos. Um Inter melhor, mas que ainda precisa de ajustes, consegue ser superior ao Grêmio. Mas um Grêmio que, mesmo carente de qualidade, já tem uma ideia de jogo e uma disposição maior para competir, equilibra. Mesmo que sofrendo e suando muito. Eis a lealdade do clássico à realidade: o Inter ainda é melhor. Mas uma superioridade que já pode ser equilibrada e que nem sempre será suficiente para vencer.