Coadjuvantes e muito distantes do favoritismo nas principais competições, Grêmio e Inter fazem do Campeonato Gaúcho a sua Copa do Mundo
O Internacional não ganha um Campeonato Brasileiro desde 1979. O Grêmio desde 1996. Na era dos pontos corridos, ainda que tenham chegado perto em alguns momentos bem circunstanciais, nunca foram protagonistas na briga pelo título. E a julgar pelo abismo financeiro que neste momento separa os investimentos da Dupla Gre-Nal, daqueles feitos pelos principais postulantes aos grandes títulos da temporada, vai demorar bastante para que os dois principais clubes do Rio Grande do Sul voltem a ter protagonismo.
Nas Copas, Libertadores, do Brasil ou Sulamericana, pela fórmula de disputa tudo fica mais equilibrado. Mas ainda assim os favoritos são outros. De modo que há uma consequência direta e imediata deste cenário: o Gauchão, que já foi o cafezinho no cardápio da temporada, virou prato principal, Copa do Mundo disputada com unhas e dentes. Muito especialmente num ano em que está em jogo um possível octacampeonato, que o Grêmio vai buscar com todas as suas forças e que o Inter fará de tudo para impedir, mantendo o status de único octacampeão gaúcho da história.
Se o Estadual virou a principal ambição da temporada, ambos tratam, desde logo, de ajustar suas preparações para não pouparem forças já na largada do ano. Com uma pré-temporada muito abreviada, de pouco mais de 10 dias, o Inter fez 4 jogos consecutivos sem poupar ninguém. O Grêmio até promove uma ou outra alteração, muito para que o novo treinador possa observar o elenco em circunstâncias de jogo. Mas preservação, dosagem de carga de trabalho com foco no restante da temporada, até aqui não se vê.
Pelas ambições e pela fórmula da competição, todo mundo vai com força máxima, estica a corda e corre o risco, disposto a pagar o preço que, talvez, a temporada desgastante, de calendário cheio, cobre ali na frente. O Inter aposta na manutenção da estrutura que terminou em alta o ano passado, com a permanência do treinador Roger Machado e dos principais nomes do elenco, encorpado por reforços pontuais. O Grêmio busca o feito histórico a partir de uma reformulação geral de seu Departamento de Futebol, que vai desde a gestão, passando pela comissão técnica e por reforços que mudem a fotografia do time. Estes reforços, é verdade, chegam muito lentamente. Mas é a partir deles e da nova concepção de futebol, que o Grêmio pretende recuperar a competitividade para vencer a sua Copa do Mundo em 2025.
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