SANTA CRUZ

Dissertação mostra relação de mamíferos com o fruto da uva-do-japão

Publicado em: 06 de janeiro de 2025 às 09:07
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Foto: Bianca Mallmann/Grupo Arauto
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    40% das espécies que vivem no Cinturão Verde, consomem o fruto da espécie invasora

    Uma pesquisa realizada pelo biólogo Marcos Henrique Schroeder, no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental da Unisc, mostra que 40% dos mamíferos que vivem no Cinturão Verde de Santa Cruz consomem o fruto da uva-do-japão, uma espécie invasora.

    A dissertação, publicada no ano passado, aponta como a interação entre os animais e o fruto da uva-do-japão está ajudando a espalhar a planta, o que pode representar um risco para a biodiversidade local.

    A uva-do-japão é originária da Ásia e chegou ao Brasil como planta ornamental. Porém, com seu rápido crescimento e alta capacidade de adaptação, passou a competir com espécies nativas. Atualmente, a planta ocupa cerca de 20,9% do Cinturão Verde, equivalente a 131,8 hectares.

    O problema não é pequeno: por ser invasora, a planta altera o solo e reduz a diversidade de outras espécies, prejudicando o equilíbrio ambiental. Além disso, estudos mostram que ela tem impacto negativo nos serviços ambientais que o Cinturão Verde oferece à população, como a regulação do clima e o abrigo para animais.

    Durante o processo da dissertação, realizado entre março de 2022 e agosto de 2023, foram registradas 15 espécies de mamíferos e 170 espécies de aves no Cinturão Verde. Entre elas, 40% dos mamíferos e 8,8% das aves consumiram o fruto da uva-do-japão, ajudando a espalhar as sementes pela região. O consumo desse fruto é uma parceria que beneficia a planta invasora, mas prejudica o equilíbrio ambiental, pois facilita sua propagação em áreas já fragilizadas.

    Para lidar com a situação, o estudo sugere substituir gradualmente a uva-do-japão por plantas nativas que frutificam no mesmo período, como a aroeira-vermelha e o araçá-vermelho. Para o pesquisador Marcos Henrique Schroeder, essas espécies podem suprir as necessidades alimentares dos animais sem prejudicar a biodiversidade. Além disso, a dissertação recomenda a criação de planos de manejo e monitoramento para controlar a expansão da planta e proteger a biodiversidade local.

    Segundo Marcos Schroeder, o controle de espécies invasoras deve ser uma prioridade das autoridades ambientais. Plantas como a uva-do-japão comprometem os serviços que ecossistemas sensíveis, como o Cinturão Verde, oferecem para a população e a fauna. Ainda de acordo com ele, é fundamental monitorar e limitar a expansão dessas espécies. No Rio Grande do Sul, existem hoje 31 espécies de árvores invasoras catalogadas, sendo a uva-do-japão uma das mais preocupantes.

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