Crime de importunação sexual foi registrado nessa quinta-feira em Santa Cruz
Um caso de importunação sexual, registrado nessa quinta-feira (21), em Santa Cruz do Sul, trouxe à tona discussões sobre a frequência e a gravidade desse tipo de crime. Em entrevista ao Grupo Arauto, a advogada especialista em direitos da mulher, Franciele Stadtlober, destacou que fatos como este são recorrentes na região e frequentemente relatados ao Conselho da Mulher.
Entenda o caso: Mulher denuncia importunação sexual no Centro de Santa Cruz
Segundo a especialista, esses atos geralmente acontecem em locais públicos, ônibus, shoppings ou até dentro de veículos. “Infelizmente a gente está percebendo mais casos referentes a isso”, disse.
Franciele esclareceu a diferença entre importunação sexual e estupro. A primeira ocorre sem violência ou grave ameaça, onde o homem não tentou se aproximar fisicamente da vítima, mas realizou o ato sem a anuência dela. Já o segundo crime envolve violência física ou ameaça direta, geralmente com a intenção de forçar uma relação sexual sem consentimento.
A advogada afirmou que situações semelhantes a registrada em Santa Cruz muitas vezes deixam as vítimas sem reação, seja por medo, vergonha ou insegurança. Ela recomendou que as mulheres, sempre que possível, tentem registrar provas, como vídeos ou informações do agressor, e procurem ajuda imediatamente. “Às vezes, alguma vítima acaba não fazendo esse registro por infinitos motivos válidos, como medo e vergonha, mas se possível procurar ajuda”, ressaltou.
Franciele destacou que o município conta com uma rede estruturada para acolher mulheres vítimas de violência, incluindo a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), o Escritório da Mulher, a Casa de Passagem, e a Vara de Violência Doméstica. Ela apontou que, mesmo que haja dúvida, é importante procurar essas instituições para acolhimento e orientação. “A gente está cada dia mais efetivo, em cima dessas situações, para que elas não aconteçam. Assim como nós estamos trabalhando nisso, as leis também vão se aperfeiçoando quanto a isso, mas ainda não são suficientes para barrar essas situações”, colocou.
A especialista também alertou para os riscos de abuso dentro de casa ou no ambiente de trabalho, onde muitas mulheres permanecem em silêncio devido à hierarquia ou medo. “E as coisas acabam tomando uma proporção muito grande e os traumas acontecem. E aí, não temos muitas vezes como voltar atrás, fica aquele trauma que a pessoa tem que curar e tratar para o resto da vida”, disse.
A advogada também apontou a importância de diferenciar comportamentos normais de ações e falas que ultrapassem limites, como comentários em tons de brincadeiras, que, muitas vezes, são normalizadas, mas causam sofrimento às vítimas. “A gente sabe quando é um elogio ou quando não é. Percebemos aquelas pessoas que ficam fazendo essas brincadeiras, falando coisas de duplo sentido e que deixam a pessoa extremamente constrangida e com vergonha”, salientou.
Ela reforçou ainda a necessidade de, em qualquer situação de desconforto, a vítima procurar auxílio para entender o crime ou violência que ocorreu. “Acontecem situações em que a mulher sequer percebe que aconteceu uma violência, e isso é muito grave. A gente vai achando que é normal, que foi muito sutil”, finalizou.
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